Estudo baseado em dados da Ancine valida política de fomento do cinema brasileiro

Um estudo apresentado pelo diretor-presidente da Ancine, Alex Braga, no XII Seminário Internacional Políticas Culturais, no final de outubro, valida o argumento da política pública cultural de fomento dos filmes brasileiros como um todo (como carteira de portfólio), independentemente do tamanho da produção ou do resultado do filme. Em outras palavras, o estudo justifica por que o financiamento deve ser realizado de forma indiscriminada para as mais diversas produções de forma sistêmica e não individualizada. O estudo também aponta a eficácia da Cota de Tela de Cinema na performance geral do cinema brasileiro, bem como nos títulos individualmente. As conclusões são obtidas através do processamento de dados primários registrados na Ancine pelos entes regulados pela agência.

O estudo confirma a tradicional dinâmica do mercado cinematográfico, baseada na lógica de rentabilização do portfólio. Mesmo que vários filmes não consigam arrecadar em bilheteria valor que ultrapasse seus custos de produção, o conjunto acaba rentabilizado por aqueles que fazem um resultado excelente, que validam todo o portfólio de filmes de uma determinada produtora de conteúdo.

Além de validar a lógica de rentabilização do portfólio, os dados colhidos pela Ancine também traçam uma relação direta entre o investimento público na produção e o resultado de bilheteria. O gráfico abaixo apresentado pela agência no evento mostra a proporção de filmes em cada faixa de performance em bilheteria:

Proporção (%) de lançamentos brasileiros com e sem incentivo por grupos de público

Proporção (%) de lançamentos Sem incentivo Com incentivo
Menos de 30 mil tickets vendidos89%69%
De 30 mil a 100 mil tickets vendidos4%11%
De 100 mil a 500 mil tickets vendidos2%10%
Mais de 500 mil tickets vendidos4%9%

De acordo com o levantamento da Ancine, para cada R$ 1,00 investido com recursos públicos no financiamento de filmes brasileiros, há um incremento de R$ 0,80 na bilheteria, em média. Além disso, para cada sala de cinema adicional em que o filme é distribuído, há um acréscimo de R$ 29 na bilheteria do filme, em média, o que evidencia o papel positivo da cota de tela.

Também é possível, pelos dados apresentados, perceber a eficácia do investimento nas diferentes etapas de realização. Quando o subsídio ou incentivo é direcionado para a distribuição, percebe-se um efeito mais potente na performance dos filmes do que quando é direcionado para a produção, sendo ambos os efeitos, à produção e à distribuição, positivos. Para cada R$ 1,00 investido com recursos públicos no financiamento da distribuição de filmes brasileiros, percebe-se um acréscimo de R$ 1,53 no resultado de bilheteria do filme, em média. Para cada R$ 1,00 investido com recursos públicos no financiamento da produção de filmes brasileiros, há um acréscimo de R$ 0,50 no resultado de bilheteria do filme, em média.

Já o investimento em ambas as etapas viabilizou melhor resultado na série histórica. Quando o filme utiliza mecanismos de incentivo em conjunto, ou seja, tanto na produção quanto na distribuição, a probabilidade de se ultrapassar a média de bilheteria é de 89%.

Gêneros

Os gêneros de conteúdo também são variáveis que influenciam na bilheteria, quando se trata de filmes viabilizados com recursos públicos. Quando o filme é de ficção e usou recursos públicos, por mecanismos de incentivo, a probabilidade de se ultrapassar a média de bilheteria para esta categoria é de 76%. Quando o filme é de animação e usou recursos incentivados, a probabilidade de se ultrapassar a média de bilheteria para esta categoria é de 45%. Quando o filme é documentário e usou recursos incentivados, a probabilidade de se ultrapassar a média de bilheteria para esta categoria é de 12%.

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