André Mantovani, ex-MTV, volta ao setor com foco na sustentabilidade

O movimento ainda está nascendo, mas tem tudo para se tornar realidade no mercado audiovisual: a preocupação com a sustentabilidade nas produções. E André Mantovani, ex-MTV, viu nesse movimento uma oportunidade de se reaproximar do setor, do qual se afastou há mais de uma década justamente para mergulhar no desenvolvimento de projetos voltados para sustentabilidade ambiental. "Eu saí do mundo da TV porque comecei a me envolver com projetos de sustentabilidade, e minha atuação foi para outra área: ajudar espaços de grande concentração de pessoas, como escritórios e shopping centers, a adotarem práticas mais sustentáveis e que gerassem menor impacto ambiental", relata Mantovani, que foi presidente da extinta MTV Brasil e diretor de canais do Grupo Abril até 2010. O executivo criou então a Aroeira Ambiental, empresa com foco em gestão de sustentabilidade.

Depois de um longo recesso no mundo da TV, a pedido de um amigo do setor, voltou para o sets de filmagem para orientar sobre práticas sustentáveis e viu ai uma oportunidade. "Tem pouca coisa sendo feita no Brasil, mas vejo um interesse crescente em aliar sustentabilidade com produção audiovisual", diz. Veio a ideia de fundar, em parceria com outros dois executivos da antiga MTV, a Verde Mídia, voltada para atender esse mercado. "A ciência é conseguir entender toda a cadeia do audiovisual e localizar os pontos de impacto, e com base nisso melhorar as práticas onde for possível e calcular o impacto em emissões de carbono", diz Mantovani. O foco, diz ele, está principalmente na energia consumida, na alimentação e na geração de resíduos, mas é uma cadeia complexa, com muitos atores envolvidos, e conhecer os detalhes é essencial para a definição de processos melhores e cálculos de carbono mais precisos. A Verde Mídia tem seis meses de atuação e Mantovani vê um forte interesse do mercado no tema.

"Nos EUA existem entidades já organizadas, como a EMA (Enviromental Media Association) e certificações específicas, mas isso ainda não existe no Brasil", diz ele, que tenta chamar a atenção de entidades internacionais para atuarem também no País. A Verde Mídia, diz ele, ainda não é uma entidade certificadora, mas ajuda na análise dos processos, implementação de melhores práticas e no cálculo do impacto gerado, o que é pré-condição para qualquer futura certificação. Entre os projetos em curso no setor estão iniciativas com o canal Multishow, da Globo, e com a produtora Gullani, por exemplo.

Ele explica que, por enquanto, as iniciativas do setor audiovisual com questões ambientais ainda são voluntárias e de iniciativa própria das empresas e produtoras, mas como essa é uma tendência que está na agenda de grandes corporações, não descarta que no futuro grandes plataformas de streaming, estúdios ou mesmo instrumentos e políticas de fomento passem a exigir contrapartidas de sustentabilidade nos projetos. "É algo que hoje parte da consciência de cada um, que é o mais importante. E mudando os processos é que você muda as pessoas", diz. A Globo, por exemplo, é uma empresa que já tem declaradamente uma preocupação com a agenda ESG e recentemenete publicou um Guia para produções sustentáveis.

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