Rumores sobre troca de comando na Telebrás surpreendem mercado

O mercado de telecomunicações foi pego de surpresa pela informação publicada pelo jornalista Luiz Queiroz, do blog Capital Digital, e pela colunista Mariana Mazza, do portal Band.com.br, sobre uma iminente demissão de Caio Bonilha como presidente da Telebrás e a sua substituição, já definida, por Maximiliano Martinhão, secretário de telecomunicações do Ministério das Comunicações.

Segundo fontes da estatal, se de fato alguma substituição está sendo preparada, não houve nenhuma sinalização nesse sentido aos executivos da Telebrás, ainda que os rumores já fossem conhecidos dentro da Telebrás. Procurado, Maximiliano Martinhão negou peremptoriamente que tenha sido convidado a assumir o cargo. O ministro Paulo Bernardo não estava em Brasília nesta sexta para comentar a informação.

As especulações sobre a eventual substituição de Bonilha baseiam-se sobretudo no desconforto que dois projetos da Telebrás estariam causando aos operadores privados, especialmente à Oi e à Embratel: o projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) e o projeto de construção de uma infraestrutura de cabos submarinos.

Mas algumas fontes ouvidas por este noticiário também fazem o raciocínio inverso: estes projetos, hoje tratados como prioridade pela Telebrás, já contaram com o aval do ministro Paulo Bernardo e foram, inclusive, incluídos no orçamento do próximo ano e no Plano Pluri Anual, com endosso do Minicom. Em entrevista à revista TELETIME em setembro, Paulo Bernardo defendia a construção do cabo submarino em consórcio com outros países e seus técnicos (incluindo Martinhão) ainda hoje defendem abertamente o projeto do Satélite Geoestacionário Brasileiro como uma alternativa importante para fazer o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) chegar a cidades onde a rede de fibra da Telebrás não chegará. A não ser que o Minicom tenha mudado de opinião, demitir Bonilha por ele ser um defensor dos projetos seria uma contradição.

Na semana passada, durante a posse do novo presidente da Anatel, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo,  ao ser indagado sobre como estaria sendo avaliada uma suposta oferta da Oi para participar do projeto de satélite, disse desconhecer essa proposta e afirmou: "ouvi dizer que existe uma carta a esse respeito mas a mim ela não chegou. Vou procurar saber". Vale lembrar que a Oi, acionista minoritária da Hispamar, já chegou a negociar sua participação no SGB mas o projeto acabou não vingando. Durante o Congresso Latino-americano de Satélites, realizado pela TELETIME em outubro, a Folha de S. Paulo publicou uma matéria destacando a já conhecida ausência da Oi no projeto do SGB, e na semana seguinte o presidente da Oi, Francisco Valim, esteve com o ministro Paulo Bernardo para, supostamente, tratar do assunto.

De qualquer forma, a Telebrás, como uma empresa aberta em bolsa, será certamente questionada pela CVM a se manifestar sobre esses rumores. Em casos como esse, é praxe que a empresa consulte seu principal acionista. No caso, a União, na figura do Ministério das Comunicações. E então, se houver de fato a intenção de realizar uma troca de comando, o episódio poderá ser definitivamente esclarecido.

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