Parece um horizonte longínquo aquele em que não haverá mais TVs analógicas em funcionamento no Brasil, mas nem por isso os players de telecom querem que a discussão sobre o que acontecerá com a faixa de 700 MHz, hoje usada para a radiodifusão, seja postergada. Pelo contrário, para os representantes desses setores presentes em debate na Futurecom quanto antes esse debate acontecer, melhor. Mas a sinergia entre eles acaba aí.
Ricardo Tavares, diretor de assuntos regulatórios da Ericsson, compara a faixa de 700 MHz com o PLC 116. Segundo ele, a tramitação do PLC 116 só foi acelerada quando o governo definiu a banda larga como prioridade. “Temos que ser realistas. Perdemos 5 anos de investimentos em banda larga. O executivo precisa ter um papel de mediador ativo, ou vamos perder mais 5 anos de investimento em banda larga.”, diz ele. O fato de, segundo ele, o governo ter escolhido a banda larga como prioridade já é um indicativo da destinação que deve ser dada à faixa quando ocorrer toda a migração da TV analógica.
Já Frederico Nogueria, vice-presidnete da Band, obviamente discorda das colocações de Tavares. Para ele, há outras destinações possíveis para a faixa como a utilização para a radio AM. “Não há solução tecnológica para a rádio AM que hoje está morrendo”, diz ele, lembrando que há anos a Band propõe que a faixa de 700 MHz seja usada para resolver o problema das operadoras. Já Leila Loria, diretor a de assuntos institucionais da Telefônica aponta para o caminho da conciliação. Para ela, existe a possibilidade de transferência de recursos da venda da faixa paras acelerar a migração para a TV digital. Mas a executiva também fez uma provocação: telecom paga pelo espectro, o que não ocorre na radiodifusão. Nogueira rebateu: "Nós não pagamos pelo espectro mas prestamos o serviço gratuitamente, com qualidade".
O ex-deputado Jorge Bittar, hoje secretário de habitação do Rio de Janeiro, deu sua opinião sobre o assunto. Para ele, é necessário que escolhe do Brasil seja a opção do resto do mundo, já que a harmonização de frequências é vital para a indústria. “O mundo usa o 700 MHz para a banda larga. Eu acho que a gente deveria pensar seriamente nisso”, diz ele.
Segundo Maximiliano Martinhão, secretário de telecomunicações do Minicom, a faixa não está ainda harmonizada mundialmente e por isso não é preciso nenhum tipo de precipitação no debate. Apenas nos EUA ela foi usada para a banda larga, ainda faltariam as posições da Europa e das Ásia. Vale lembrar que o modelo brasileiro para a alocação das faixas de frequência vem seguindo historicamente o modelo europeu.
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