Podcast da Plataforma Gente debate acessibilidade no entretenimento adulto

Estudos sugerem que o setor pornográfico movimenta em torno de US$ 696 bilhões anuais e que 30% de todos os dados que transitam pela rede carregam conteúdo pornográfico. Em toda essa produção há geração de conteúdos que retratam todos os corpos, gêneros, cores de pele, sexualidades e dinâmicas de relacionamento. Contudo, o assunto continua sendo pouco acessível para os portadores de deficiência visual e auditiva, afinal, é difícil para esse público consumir esse tipo de conteúdo uma vez que o que é feito hoje tem o áudio e a imagem como estrelas. 

É para debater esse tema que o podcast Gente Conversa, comandado por Ju Wallauer, abre os microfones para três mulheres falarem sobre sexo. As convidadas são Joana Peregrino, proprietária da Conecta Acessibilidade, empresa que transforma conteúdos de todos os formatos e gêneros acessíveis a pessoas com deficiência visual e auditiva; Claudia Rodrigues, professora, deficiente visual e consumidora de filmes adultos; e a diretora geral do canal adulto Sexy Hot, Cinthia Fajardo. O conteúdo já está disponível para o público na íntegra. 

"Quando pensamos em acessibilidade, temos uma visão generalizada. Contudo, é preciso levar em consideração a subjetividade de cada um, até mesmo no universo da deficiência. Em geral, imagina-se que o deficiente é um ser etéreo, iluminado e que não sente desejos e atrações sexuais. Sem falar no grande número de casos de deficientes que sofrem ou já sofreram abusos sexuais. E isso não tem relação com fetiche, mas sim de acharem que são pessoas mais vulneráveis e que não sabem se defender. A sociedade precisa estar disponível para ver e rever essa situação", aponta Claudia Rodrigues. 

Segundo Joana Peregrino, infantilizar a pessoa com deficiência torna tudo muito mais difícil. "Precisamos dar independência, e a audiodescrição ou a legenda descritiva vai trazer isso. No caso do trabalho de transformar filmes acessíveis é sempre um processo desafiador e com muitas regras. A audiodescrição, por exemplo, é uma modalidade de tradução, é uma versão. Escolhemos, com muita sensibilidade, o que é mais importante em cada cena", explica. 

O Sexy Hot já disponibiliza no site filmes do selo Sexy Hot Produções com esses recursos – tanto de legenda descritiva quanto de audiodescrição. A ideia é que, com o tempo, todos os conteúdos exclusivos do canal sejam acessíveis. "Entrar no canal de conteúdo adulto para mim não foi uma experiência encarada como tabu. Minha expectativa foi trazer o olhar feminino para essa indústria que durante anos teve um olhar essencialmente masculino e machista. E hoje 80% do nosso time na Playboy do Brasil é composto por mulheres, inclusive na equipe que faz a aquisição do conteúdo", recorda Cinthia Fajardo. 

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