O Fórum SBTVD trabalha para apresentar o padrão de TV 3.0 em agosto de 2024, durante o evento Set Expo daquele ano, diz o coordenador do módulo técnico da entidade, Luiz Fausto de Souza Brito. Durante a Set Expo 2022, Luiz Fausto lembrou que duas das três fases de definição do padrão já foram concluídas: a fase 1, que foi o chamamento por propostas; e a fase 2, com testes e avaliações das propostas apresentadas.
A perspectiva é que a terceira fase, iniciada em fevereiro deste ano, leve 2,5 anos, período no qual serão feitos testes complementares, pesquisa e desenvolvimento, normatização e demonstrações.
Ao final da segunda fase, algumas tecnologias já foram escolhidas, mas não todas. Sabe-se, até aqui, que o DTV Play será a base do middleware, mas não será exatamente a mesma implementação do padrão 2.5, adotado nos televisores mais modernos. Além disso, o codec de vídeo será VVC, com HDR10; há a previsão de codecs de realidade virtual e vídeo imersivo; o sistema de alerta de emergências será o do ATSC 3.0, e; o áudio será o MPEG-H, com legendas IMSC1.
Aplicações
Mais especificamente sobre a codificação de aplicações, Débora Christina Muchaluat-Saade, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e membro do Grupo Técnico de Codificação de Aplicações da TV 3.0 do Fórum SBTVD, aponta que um dos pré-requisitos da norma de middleware é que mantenha a compatibilidade com o atual DTV Play, mas com as inovações necessárias.
No padrão 2.5, juntou-se ao Ginga NCL o Ginga HTML5. Para a futura versão, deve ser incluído ainda o Ginga CC Webservices, que permitirá uma nova gama de aplicações.
Um dos pontos mais importantes, diz a professora, é que a TV seja orientada às aplicações. Desta forma, as aplicações devem ter o mesmo protagonismo na TV aberta que têm em outras plataformas e ambientes. A ideia, explica, é que exista um menu da aplicações integrado com outros aplicativos já instalados no próprio receptor, se for uma Smart TV. O usuário poderá acessar apps de TV aberta, de streaming, de jogos ou de qualquer plataforma de maneira transparente.
Outro ponto fundamental é que os apps permitam a recepção não apenas por broadcast, mas também por broadband, sempre de forma transparente ao usuário. Assim, será possível receber o conteúdo ao vivo e buscar outros sob demanda, sem que o telespectador saiba qual é a rede. Este feature permitirá ainda o conteúdo personalizado.
Também é uma demanda que haja suporte a multi usuários. É interessante que o receptor permita não apenas perfis de usuários, mas perfis de grupos, como "Família". Desta forma, haverá mais flexibilidade na personalização do conteúdo para cada usuário.
Oura inovação exigida é que haja uma interface de usuário avançada, com interação com voz, gestos ou mesmo da fixação do olhar.
Também é desejável que a TV seja mais imersiva, através do uso de outros dispositivos como soundbars, lâmpadas inteligentes, condicionadores de ar, difusores de aroma, ventiladores e até óculos VR. A ideia é permitir que efeitos sensoriais sejam transmitidos aos lares com os equipamentos compatíveis.
Outra exigência, diz Débora Christina Muchaluat-Saade, será a possibilidade de medição de audiência, inclusive permitindo o suporte a multiusuários.
Na foto, Débora Christina Muchaluat-Saade, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e membro do Grupo Técnico de Codificação de Aplicações da TV 3.0 – Fórum SBTVD. Crédito: TELA VIVA.