Mário Frias toma posse a portas fechadas

Mário Frias
Mário Frias

O ator e apresentador Mário Frias tomou posse como secretário Especial da Cultura no final desta terça, 23. Em contraste à posse da última a ocupar o cargo, Regina Duarte, a assinatura aconteceu sem cerimônia pública, a portas fechadas, no gabinete do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. A também atriz anunciou que deixaria o cargo menos de três meses após a posse, dizendo que assumiria o comando da Cinemateca Brasileira, o que depende da resolução do conflito com o Governo Federal com a Acerp (Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto) e da reestatização do órgão.

A cadeira agora ocupada por Frias acolhe agora, em apenas 18 meses de governo, o sexto secretário Especial de Cultura. O primeiro foi o jornalista e radialista Henrique Pires, que deixou o governo alegando que não poderia concordar com os "filtros" impostos à área cultural, em meio à suspensão do edital do Fundo Setorial do Audiovisual destinado a projetos de séries com temática LGBT para a TV pública, criticado publicamente pelo presidente Bolsonaro. O então secretário-adjunto e secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, José Paulo Soares Martins, assumiu o cargo e foi rapidamente substituído por Ricardo Braga, que, por sua vez, deixou o cargo dois meses após a posse.

Na sequência veio Roberto Alvim, que deixou o governo após divulgar um vídeo que remetia a trechos de um discurso do ministro da propaganda nazista Joseph Goebbels. Sua exoneração foi por conta de uma "declaração infeliz", e não pelo plano proposto.

Já a atriz Regina Duarte, após receber a promessa de "carta branca" à sua gestão, não encontrou a autonomia desejada. A então secretária especial viu a indicação de nomes para órgãos ligados à pasta sem o seu conhecimento e teve alta rejeição na ala mais ideológica do governo. Ao tentar sinalizar um enquadramento à ideologia do atual governo em uma entrevista para a CNN, perdeu o pouco apoio que ainda tinha na área cultura.

A expectativa é que a gestão de Frias seja tutelada por pessoas de confiança do presidente Jair Bolsonaro para garantir o alinhamento ideológico e evitar crises como a protagonizada por Alvim.

Mário Frias já se relacionou com as cinco maiores redes privadas de TV. Trabalhou em dramaturgia na Globo, Band e Record e atuou também como apresentador no SBT. Mais recentemente, apresentava o programa "A Melhor Viagem" na RedeTV. Defensor do bolsonarismo nas redes sociais, sempre se mostra afinado ao atual governo em suas manifestações políticas, inclusive com críticas à imprensa e apoio ao uso da cloroquina no combate ao Coronavírus. Em entrevista à CNN, no início de maio, também sugeriu que o titular da pasta deve seguir a direção apontada por Bolsonaro, que "quer ver a pasta numa direção e até agora não conseguiu".

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