Florianópolis sedia o lançamento da Frente Parlamentar do Audiovisual de Santa Catarina 

(Foto: Tela Viva)

Nesta terça-feira, dia 26 de setembro, o Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM) sediou o lançamento oficial da Frente Parlamentar do Audiovisual de Santa Catarina, uma iniciativa da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina que tem à frente o Deputado Estadual Marcos José de Abreu, o Marquito. O evento contou com diversas autoridades da região Sul, além de representantes de coletivos e associações (confira a lista completa abaixo)

A cerimônia teve início com a apresentação do Manifesto Antirracista no Audiovisual, que foi lido por Sandra Alves, associada APAN (Associação de Profissionais do Audiovisual Negro) na região Sul. "Ao passo que celebramos as conquistas, também reivindicamos o pleno exercício da nossa cidadania enquanto produtores e realizadores negres independentes, que lutam incansavelmente pelo direito de existir e resistir através das nossas artes, expressões e narrativas", diz um dos trechos da carta, que segue: "Não podemos negligenciar a importância e o papel histórico do audiovisual na construção de uma lógica racista estrutural na sociedade brasileira (…) Nós, produtores e realizadores independentes do audiovisual de Santa Catarina, musicistas e artistas em geral nos colocamos a favor das reivindicações feitas pela APAN no Senado no dia 15 de agosto de 2023, que demanda sobre a urgência inegociável e histórica de garantir direito a ações afirmativas nas políticas públicas para o audiovisual no Brasil. Estamos aqui, junto à Frente Parlamentar, para garantir que essas reivindicações sejam acolhidas e levadas adiante no estado de Santa Catarina (…) Ações afirmativas são o mínimo a ser feito para corrigir desigualdades históricas e garantir direitos para as diversas narrativas constituídas a partir da realidade de uma sociedade plural e que compõe as matrizes da cultura brasileira (…) Iremos saber: de que lado da história será lembrado o audiovisual do estado mais racista do Brasil?". A carta, ainda em construção, já conta com 63 assinaturas. 

O Deputado Marquito, que moderou a cerimônia, declarou que o lançamento da Frente é um grande marco para a história do estado e ressaltou a importância de dar início desta forma, com essa mensagem antirracista e o princípio da afetividade. Ele explicou que a Frente Parlamentar é um instrumento constitucional e legal. De iniciativa de deputados e deputadas, ela tem como objetivo principal reunir o setor para auxiliar na construção de políticas públicas e o encaminhamento das mesmas. "Acredito muito no setor audiovisual de Santa Catarina – na sua capacidade, qualidade e diversidade. Muitos de nós acabam saindo daqui, vão para outros centros porque encontram melhores condições, e a gente acaba perdendo nesse processo. A motivação é reunir o setor onde o apoio do Parlamento pode auxiliar no seu desenvolvimento. Podemos, por meio da frente, reforçar essas lutas conjuntas, reivindicar e levar para o Plenário, especialmente no que diz respeito a pontos críticos relacionados ao crescimento e desenvolvimento do setor", afirmou. 

Aline Belli, Presidente do Santacine (Sindicato da Indústria Audiovisual de Santa Catarina) e sócia da Belli Studio, lembrou que o sonho de criar uma Frente pelo Audiovisual Independente em SC começou anos atrás, quando houve o movimento pela criação da Frente Nacional no Congresso. "Precisamos criar narrativas de protagonismo, contar nossas histórias, trabalhar nosso soft power. Temos muita coisa para contar, produzir e fazer viajar. Temos muita coisa para trabalhar, e é na coletividade que fazemos a diferença", defendeu. 

Cíntia Domit Bittar, que é diretora da API (Associação das Produtoras Independentes do Audiovisual Brasileiro) e sócia da Novelo Filmes, também falou sobre a Frente Parlamentar Nacional e citou que seus efeitos dentro do Congresso Nacional foram vistos e que iniciativas se mobilizaram a partir daí: "Quisemos replicar para que Santa Catarina também tivesse esse protagonismo nacional, para tratar questões do estado e do país também. É importante articularmos nossas demandas aqui para pressionar lá em cima. E precisamos de uma ação supra-partidária". 

Já Gabriel Borges, Conselheiro da Região Sul da APAN, reforçou que a Frente abre a possibilidade de construção e manutenção de políticas públicas mais inclusivas, diversas e fundamentalmente antirracistas. "Não existe pensar em audiovisual brasileiro sem pensar em cinema negro. Na APAN, lutamos para consolidar a presença de pessoas negras em todos os elos da cadeia produtiva do audiovisual e estamos comprometidos com a promoção das nossas narrativas de forma a transformar o imaginário de como vemos as pessoas negras no cinema. Buscamos não só a entrada, mas a permanência de pessoas negras no audiovisual. Esse momento é um convite para o diálogo e um desejo para que isso tudo seja uma ação constante. E que essa defesa não seja só no discurso, mas que também se ponha em prática", finalizou. 

Participam da frente e estiveram presentes no evento desta terça: Deputado Estadual Marcos José de Abreu (Marquito); Luciane Carminatti, Deputada Estadual (PT) e Presidente da Comissão Educação e Cultura; Rafael Nogueira, Presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC); Vanessa Neres, Coordenadora de Comunicação da Região Sul da ARPIN Sul – Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul; Wera Eliezer, Guarani da Terra Indígena Morro dos Cavalos, cineasta indígena criador do Projeto de Capacitação de Jovens no Audiovisual no Litoral de SC; Gabriel Borges, Conselheiro da Região Sul da APAN – Associação de Profissionais do Audiovisual Negro; Carolina Borges de Andrade, representante do audiovisual no Conselho Estadual de Cultura de Santa Catarina; João Roni, da Bravi – Brasil Audiovisual Independente; Cíntia Domit Bittar, diretora da API – Associação das Produtoras Independentes do Audiovisual Brasileiro; Camila Rozette, Diretora de Cultura de Garopaba e Coordenadora de Comunicação do Congesc – Conselho dos Gestores Municipais de Cultura; Gringo Starr, Presidente do Sintracine (Sindicato dos Trabalhadores do Cinema e do Audiovisual de Santa Catarina);  Aline Belli, Presidente do Santacine (Sindicato da Indústria Audiovisual de Santa Catarina); Marta Machado, Professora da UFSC, representando o Forcine (Fórum Brasileiro de Ensino de Cinema e Audiovisual; e Marina Simioli, Presidente da Cinemateca Catarinense. 

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