Sindicatos de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná anunciam o SULAv – Sindicatos da Indústria Audiovisual do Sul do Brasil

SULAv - Sindicatos da Indústria Audiovisual do Sul do Brasil (Foto: Divulgação FAM)

Representantes dos sindicatos do audiovisual da região Sul – Santacine (Sindicato da Indústria Audiovisual de Santa Catarina), SIAV (Sindicato da Indústria Audiovisual do Rio Grande do Sul) e SIAPAR (Sindicato da Indústria Audiovisual do Paraná) – se reuniram na última segunda-feira, dia 25 de setembro, no Fórum Audiovisual Mercosul, que é parte da programação do Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM), onde também foi realizado o IV Encontro dos Sindicatos da Indústria Audiovisual do Sul do Brasil. O objetivo era que cada um apresentasse sua trajetória, principais conquistas e o trabalho feito atualmente e, na mesa, também ressaltar a importância dos sindicatos e movimentos associativistas na defesa de pautas urgentes do setor. Aline Belli, sócia da Belli Studio e Presidente do Santacine, apontou: "É um momento nacional importante, de muita articulação. Vontades individuais, quando falam de um setor, não movem montanhas. Por isso esse trabalho coletivo é fundamental".

Na ocasião, o grupo aproveitou para anunciar em primeira mão a união dos três sindicatos no novo SULAv – Sindicatos da Indústria Audiovisual do Sul do Brasil, considerando a territorialidade, a proximidade e o intercâmbio de profissionais e serviços entre os estados do Sul e o histórico dos sindicatos. 

O SULAv traz como principais objetivos fortalecer a relação intersindical nos estados do Sul do país; explorar caminhos de fomentos para além dos recursos do FSA para o desenvolvimento da indústria local; cooperar em atividades de formação, capacitação e qualificação; fortalecer as parcerias com os países vizinhos do Mercosul, numa visão de desenvolvimento macrorregional; estimular e fortalecer as film commissions na região, também promovendo cooperação entre elas; criar mapeamentos que resultem em indicadores sobre a região; criar eventos regionais como mercados, seminários, congressos, mostras; e difundir conjuntamente informações para a sociedade de forma a defender a produção independente e seus interesses para as políticas públicas e marcos regulatórios. 

Marcos regulatórios em pauta 

Aline fez uma apresentação intitulada "A indústria audiovisual catarinense", onde contou que o sindicato de Santa Catarina tem 30 empresas associadas e mais de 20 anos de história. Ela trouxe uma linha do tempo dos grandes marcos legais do audiovisual, tais como a Lei 12.485/11 e a MP 2.228-1, e destacou seus impactos para o Brasil e especialmente para Santa Catarina – no estado, o audiovisual trouxe em dez anos mais de R$ 100 milhões em investimentos. A Belli Studio, por exemplo, é a empresa produtora de "Boris e Rufus", série de animação que já foi vendida para mais de 80 países e dublada em oito idiomas. "Produções como essa só foram possíveis por conta das leis das cotas. Para nós, foi muito positivo porque provamos nossa competência, que os brasileiros querem se ver na tela e gostam de conteúdo nacional, e que nosso conteúdo é bom e pode viajar", ressaltou. "Nos cinemas, as cotas também são fundamentais. Recentemente, somente 'Barbie' e 'Oppenheimer' ocuparam 81% do nosso parque exibidor. Nos EUA, um filme pode usar no máximo 10%. Os filmes brasileiros precisam recuperar seu espaço", acrescentou. 

A produtora trouxe essas questões à tona para sinalizar como o momento atual é crítico para o setor. Cíntia Domit Bittar, sócia da Novelo Filmes e parte da diretoria da API, definiu que as demandas atuais são "brutais", com marcos regulatórios estruturantes e definidores em pauta. São eles: a cota de tela para a TV paga e para as salas de cinema; a regulação do streaming (que, para as produtoras independentes, deve levar em conta pontos como cota de catálogo, proeminência, contribuição de 10% de investimento direto exclusivamente em produção independente, 6% de contribuição para Condecine e equidade – com recortes de região, gênero, raça e etnia, entre outros); regras sobre propriedade intelectual e direitos autorais no ambiente digital; e o marco regulatório do fomento à cultura. "O audiovisual é um ecossistema onde tudo é urgente. São marcos regulatórios que conversam entre si, por isso todos devem ser tratados como prioridade", disse Cíntia (leia mais na entrevista)

Luta coletiva 

"Sem os sindicatos, quem vai levar essas demandas até Brasília? Temos que buscar ajuda e colaboração, somando esforços para ter pelo menos um representante indo para lá. Senão, a briga fica sempre desigual", sinalizou Jussara Locatelli, Presidente do SIAPAR (Sindicato da Indústria Audiovisual do Paraná). Em sua fala, Jussara também mencionou a criação do FAMES – Fórum Audiovisual Minas Gerais, Espírito Santo e Sul como determinante para que esses estados pudessem, em conjunto, trabalhar pelas suas reivindicações. Os sindicatos do Sul, assim como o FAMES, também tentam sempre atuar em parceria com outras representações, como a Bravi, a FIBRAv e o +Mulheres. 

Diego Tafarel, Presidente do SIAV, Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado do Rio Grande do Sul, complementou: "Representamos oficialmente, por lei, mais de mil empresas no Rio Grande do Sul, mas associados mesmo, são pouco mais de duas dezenas. Representamos algo muito grande, mas ainda assim é difícil convencer as pessoas da importância de se associar aos sindicatos para ter voz, especialmente em momentos determinantes do mercado. Peço que procurem os sindicatos. Precisamos nos fortalecer. Não é para o ano que vem, é pra já. Estamos vivendo um momento crítico. Por mais que agora estejamos respirando aliviados depois de quatro anos e tenhamos muito mais esperança, o momento ainda é crítico". 

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