Para Abert, uso dos canais 5 e 6 VHF é a única chance de salvar metade das emissoras de rádio

"As experiências internacionais de digitalização do rádio fora da faixa do FM foram um fracasso", diz o diretor-geral da Abert, Luis Roberto Antonik. Para a associação de radiodifusores, ainda não há uma solução tecnológica para "salvar" o AM mantendo sua posição no espectro de frequências. "A faixa do AM está muito suja. Hoje as rádios AM não podem tocar música, pois a audiência não vai ouvir. As emissoras acabaram se especializando 'em conversa'", ironiza Antonik. A proposta da Abert, divulgada na quarta-feira, 29, é usar as frequências destinadas aos canais 5 e 6 VHF (atualmente usadas pela TV analógica) para abrigar as rádios AM (incluindo as rádios que operam em OM, OC e OT). Como estas frequências são imediatamente abaixo da faixa destinada às emissoras FM, o rádio brasileiro apenas passaria a ter uma faixa FM um pouco mais comprida que o normal.
"São quase duas mil rádios que, até agora, não tinham uma solução para a sua sobrevivência", diz Antonik. "Isso representa aproximadamente metade das empresas de radiodifusão sonora", completa. Com a adoção desta faixa para as rádios AM, que passariam, na prática, a ser rádios FM, após o período de transição do analógico para o digital, a faixa atualmente usadas por elas seria devolvida ao Estado.
Agenda política
A Abert, além de divulgar o apoio ao uso das frequências dos canais 5 e 6 VHF para a digitalização do rádio, montou um grupo de trabalho que está procurando diversos órgãos de governo, como Ministério das Comunicações, Casa Civil e Anatel, para defender sua posição.
Antonik lembra que as empresas de telecomunicações estão "esfregando as mãos", esperando ter acesso à faixa do canal 5, mas diz que este não é o principal motivador para levar a associação a defender a manutenção desta faixa na radiodifusão com tanta antecedência ao fim de seu uso pela TV analógica. Segundo ele, entre a aprovação do uso da frequência para o rádio e o início do serviço, é necessário um prazo de dois a três anos para definir a política industrial, e criar as normas para a fabricação de equipamentos de recepção.
A solução encontrada pela Abert serviria, segundo Antonik, para qualquer que seja o padrão de rádio digital: seja o DRM, "que ainda não tem uso comercial no mundo", seja o HD-Radio, "que já é usado por 20% das rádios nos Estados Unidos".

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