Se Net Serviços e TVA de fato implementarem os sistemas digitais com base no padrão DVB, como os acordos firmados com a Nagra indicam, será virtualmente impossível algum outro operador de cabo partir para uma solução diferente, já que não haverá escala no Brasil que justifique outro caminho. A Net tem 1,35 milhão de assinantes de cabo. A TVA tem pouco menos de 300 mil (somando MMDS e cabo). Hoje as plataformas de DTH já são DVB no Brasil e somam cerca de 1,2 milhão de assinantes, assim como as plataformas digitais de alguns operadores de MMDS. A Horizon, por exemplo, provavelmente seguirá a decisão de Net e TVA.
A briga, agora, será entre os fabricantes de caixas e equipamentos de headend com soluções DVB para ver quem consegue chegar ao melhor preço. Apesar de a Net ter firmado, inicialmente, com a Thomson, e a TVA com a DMT, e ambas com a Harmonic, não há exclusividade. As duas operadoras trabalharão com vários níveis de sofisticação das caixas, cada uma com uma funcionalidade diferente, o que mantém aberta as portas aos fornecedores. Também está aberta a temporada de busca por aplicações digitais e, principalmente, por conteúdo.
De fora
Dois dos principais fornecedores de sistemas de headend e caixas no Brasil e no mundo, Motorola e Scientific Atlanta, ficaram fora das decisões da Net e da TVA. Ambas trabalham prioritariamente com sistemas proprietários. Mas isso não quer dizer que as empresas desistirão do mercado brasileiro. Ambas têm planos de trazer suas soluções DVB vendidas na Europa para o Brasil. O problema é que será necessário adaptar a caixa, que nos países europeus trabalham com canais de 8 MHz. No Brasil, o padrão dos canais é de 6 MHz.
A S-A aposta ainda nas soluções da Barco (empresa que adquiriu recentemente e que tinha uma forte linha de quipamentos DVB) para se consolidar como fornecedora de equipamentos digitais para os headends das operadoras.