Mesmo sem posição brasileira, Inmarsat e Yahsat mantêm planos para o Brasil

O mercado brasileiro vive um cenário propício não apenas para a ampliação da atuação de operadores de satélite já instalados no País como também tem atraído novos operadores internacionais. Esse foi o tema de abertura do Congresso Latino-Americano de Satélites 2014, organizado pela Converge, que edita este noticiário, e que acontece até sexta-feira, 5, no Rio de Janeiro.

Interessadas na crescente demanda por serviços de backhaul para operadoras móveis ampliando cobertura 3G e 4G e por conectividade de banda larga para áreas pouco ou não atendidas por infraestruturas fixas, duas novas empresas ainda sem operar satélites em posições orbitais brasileiras chegaram a participar do último leilão da Anatel, realizado em maio: a Inmarsat e a estatal de Abu Dhabi, Yahsat.

Ambas apresentaram propostas, mas devido aos altos valores a que chegaram os lances, nenhuma levou uma posição brasileira. Isso, entretanto, não atrapalhará os planos das operadoras para a oferta de banda larga via satélite em banda Ka no Brasil. "O preço subiu muito e, para nós, não se justificava. Continuaremos com nossos planos, mas como operador estrangeiro", diz o diretor de estratégias e desenvolvimento de negócios da Yahsat, Amit Somani. O diretor para a América Latina do segmento de Enterprise da Inmarsat, Roberto Darias, é da mesma opinião, mas não descarta participar novamente de um outro leilão: "Concordo que ficou caro, mas talvez num próximo".

Atuando em 27 países da África e do Oriente Médio com dois satélites de banda Ka lançados em 2011 e 2012, a Yahsat já precisava lançar um terceiro satélite para atender à demanda desses mercados e optou por incluir nesse novo artefato, o AY3, a cobertura de 95% da população brasileira. "Construímos uma plataforma forte na África, onde temos 20 mil assinantes com ARPU de US$ 150. Estudamos o Brasil como opção para diversificar nossos mercados e em maio chegamos à decisão de lançar o AY3 e incluir o Brasil porque tem escala suficiente, fala uma só língua, e poderemos entrar na cadeia de valor como provedores de serviço, não simplesmente vendendo capacidade por meio de outros provedores", explica Somani. "Não ter conseguido a posição orbital brasileira não muda nada nos nossos planos. Claro que traria vantagens com relações a impostos, mas não nos impede de atuar aqui. Estamos constituindo uma empresa aqui no Brasil para obter a licença de SMGS (Serviço Móvel Global por Satélite) para poder prestar serviços diretamente aqui", revela.

Os estudos realizados pela Yahsat estimavam que 31% dos domicílios no Brasil não estavam atendidos por infraestrutura de banda larga fixa, o equivalente a 18,7 milhões de residências. "É uma oportunidade para o satélite, mas mesmo assim, não vamos cobrir o Brasil inteiro porque não é eficiente, vamos cobrir as áreas que concentram 95% da população", completa. A expectativa da Yahsat é conseguir ARPU no Brasil entre US$ 60 e US$ 70.

Inmarsat

Para a Inmarsat, conhecida por sua expertise em comunicações móveis via satélite utilizando a banda L para conectar com voz e dados não apenas áreas remotas, mas também aeronaves e navios, chegou a hora de dar o próximo passo. A operadora lançou no final de dezembro o seu primeiro satélite da frota Global Xpress, em banda Ka. O I-5 F1 entrou em operação comercial no fim junho com cobertura sobre Europa, África, Oriente Médio e Ásia e o satélite que cobrirá as Américas está para ser lançado ainda no terceiro trimestre. O terceiro satélite da frota, que completará a cobertura global em banda Ka, deve ser lançado ainda em 2014, com entrada em operação até meados de 2015.

"Somos especialistas em mobilidade e ainda vemos uma tremenda oportunidade de crescimento no mundo de M2M (comunicação entre máquinas) na banda L, porque precisam de consistência, confiabilidade e não exige muita banda. Mas há muitos setores que precisam de conectividade em banda larga e ao lançarmos um footprint global, oferecemos padronização, e os equipamentos funcionarão em qualquer lugar do globo com SLA de 99,5%", garante Darias.

A Inmarsat atua no Brasil por meio de parceiros, autorizadas do SMGS que revendem seus serviços. "Já temos 18 parceiros vendendo serviços em banda L e outras importantes que começaram também a revender nossos serviços, como Telefônica/Vivo, Embratel, Globalsat, Telespazio e BT Brasil. Na banda Ka, que vamos lançar ano que vem, teremos alguns que já comercializam a banda L e alguns novos, mas ainda não posso falar", comentou Darias.

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