GNT elabora estudo sobre o futuro do trabalho

Diante do cenário atual, em que medo e desconfiança estão cada vez mais presentes, o GNT, em parceria com a Inesplorato, produziu o estudo Tecnologias da Esperança. O objetivo é refletir sobre as dinâmicas sociais históricas e atuais em relação ao trabalho e construir, de forma coletiva, como pode ser essa relação do trabalho humano no futuro. O conteúdo está disponível na Plataforma Gente e também vai ser transformado em documentário, com previsão de lançamento ainda neste ano.

"Os estudos do GNT sempre procuram abrir diálogos importantes na sociedade e a investigação sobre nossa relação com o trabalho hoje e no futuro é um debate muito atual. Muito tem se falado sobre automação, a pandemia acelerou outras questões mais profundas, mas 'Tecnologias da Esperança', como diz o próprio nome, busca apontar seis caminhos, seis tecnologias, que incluem o mundo digitalizado, mas vão além, como o conhecimento e filosofia ancestrais de povos africanos e uma relação renovada com a natureza. Essas tecnologias são atos de uma esperança tão necessária para um futuro mais acolhedor com menos desigualdade, incluindo no universo do trabalho", ressalta Iara Poppe, Especialista de Marketing do GNT.

Significados históricos de trabalho 

Ao longo da história, o conceito de trabalho sofreu inúmeras mudanças. Já foi sinônimo de punição, com a Reforma Protestante ganhou status de salvação e a Revolução Industrial trouxe o significado de carreira. Por volta da década de 60, com o Novo Capitalismo, trabalho ganhou uma camada de amadorização e, com a Revolução Digital, trouxe acúmulo de funções.

Na última década, trouxe a ideia da plataformização – que traz a promessa do tempo flexível e da liberdade em relação a um patrão – mas também pode aprofundar relações de precarização do trabalho, aceitas sem maior senso crítico, por uma questão de sobrevivência.

Hoje, além da flexibilização, percebe-se como o "trabalho reprodutivo", delegado na sua maioria às mulheres, também permitiu o crescimento do que chamamos de "trabalho produtivo". Essa divisão sexual do trabalho acabou não valorizando o trabalho doméstico, o cuidado com crianças e idosos e isso ficou ainda mais evidente durante a pandemia.

A automação crescente também é uma realidade. Porém, é importante olhar não apenas para a obsolescência humana, mas para questões como micro tarefas, feitas por humanos "invisíveis" dentro do universo dos algoritmos, para que não se repita a lógica de trabalhos precarizados que já falharam no passado.

Tecnologias da esperança 

Percebendo nossa relação passada e presente com o trabalho, a construção de um futuro desejável, coletivo, pode se dar através das "Tecnologias da Esperança". Tecnologia no sentido macro, como ferramentas, caminhos e pensamentos. Segundo Paulo Freire, a saída está na esperança. Não no sentimento ilusório, que pode afastar a pessoa da realidade, mas esperança como uma ação, com senso crítico, capaz de reconhecer os problemas e propor soluções.

O estudo traz seis "Tecnologias da Esperança". As Tecnologias Solidárias, que têm no cooperativismo a forma do trabalhador se reconectar com o fruto do seu trabalho; as Tecnologias Periféricas, com iniciativas que mostram como as comunidades, na ausência do Estado, inovam, criam alternativas internas próprias para sobreviver e se desenvolverem; o Algoritmos para Pessoas, que procura desmistificar o imaginário sobre algoritmos, visibilizar e combater práticas injustas, e ajudar a mudar a dinâmica de quem usa e quem ganha com eles; o Capitalismo das Partes Interessadas, que considera que gênero, raça, classe e a luta por mais equidade precisam estar diretamente ligadas às decisões de negócio;  as Tecnologias Ancestrais, que buscam conhecimentos contra-hegemônicos para também combaterem a manutenção do racismo; e o Bem-Viver, termo que vem ganhando popularidade para designar uma nova era geológica, aprendendo com os povos originários e renovando nossa relação com o planeta, para nossa própria sobrevivência.

"Nos estudos da Inesplorato, e na parceria de anos com o GNT, buscamos sempre cruzar a profundidade de temas relevantes com os sentidos que o conhecimento pode gerar, transformando em opções caminhos que pareciam não existir, e abrindo formas de novas percepções e entendimentos, como neste caso para universo do trabalho, para fortalecer ações em prol de um futuro mais aberto e diverso para todos.", explica Thomas Benson, curador de conhecimento da Inesplorato.

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