Instasérie "Alta Sociedade Baixa" foi filmada pelo elenco e dirigida remotamente por Mariana Jorge e Rodrigo Pitta

A série "Alta Sociedade Baixa", idealizada pelo coletivo Team O!, foi desenvolvida exclusivamente para o Instagram, feita sem patrocínios ou salários e filmada pelos próprios atores em suas casas. Dirigida por Mariana Jorge e Rodrigo Pitta, a produção é é totalmente gravada indoor, sem contato presencial entre os autores, atores e diretores, por meio de recursos de edição e web filming como linguagem principal.

Em entrevista exclusiva para TELA VIVA, Mariana Jorge, diretamente de Los Angeles, onde mora, conta que ela e o sócio e diretor, Rodrigo Pitta, trabalham em um processo de criação conjunta – ela em LA e ele no Rio de Janeiro – desde 2016. "Com a pandemia, ficamos ainda mais inquietos. O ócio foi bem pesaroso pra gente. Depois que o primeiro mês passou, não queria mais fazer só coisas da casa, e sim trabalhar no meu campo. Acho que essa inquietude veio de forma massiva para toda a classe audiovisual. Encontramos o Marcello (Bosschar, roteirista da série) na mesma situação e fomos desenvolvendo a ideia juntos. O bom é que tivemos bastante tempo para trabalhar focados só nessa história", explica. "O elenco, que trabalhou de forma voluntária, é formado por amigos – meus, do Rodrigo, do Marcello, de nós três – que logo toparam colaborar", completa. Além de filmarem, os atores também produzem seus próprios figurinos e maquiagem.

A trama de "Alta Sociedade Baixa" gira em torno de uma festa de máscaras organizada pela mulher do candidato a prefeitura do Rio (Theodoro Cochrane / Samantha Schmütz) durante a quarentena. A partir daí, diferentes histórias se desenrolam a cada episódio, mantendo como foco os altos e baixos de um confinamento obrigatório. A proposta é uma comédia crítica que ilustre essa passagem histórica da sociedade contemporânea. O elenco conta ainda com Tom Cavalcante, Adriane Galisteu, Marilia Gabriela, Glamour Garcia, Gustavo Mendes, Karol Conká, Leonardo Miggiorin, Gorete Milagres e Pablo Moraes, entre outros.

Com episódios publicados no Instagram (IGTV), em uma página criada especialmente para a série e também nos perfis de todos os atores e produtores, a obra conquista aproximadamente três milhões de visualizações a cada episódio (considerando os views de todos os que postam o conteúdo). Isso significa que, somando os cinco primeiros divulgados, o número chega a quase 15 milhões. Mariana Jorge analisa os bons resultados: "O público tem gostado pelo mesmo motivo que curtimos fazer. Porque é diferente. Estamos todos em casa, olhando para o computador e o celular, já 'zeramos' a Netflix, as novelas são repetidas… Quando aparece um conteúdo novo, com uma estratégia de lançamento original, chama a atenção mesmo. Acho que, agora, todo mundo que criar coisas interessantes e lançá-las de formas inovadoras, vai ter resultado". 

A diretora Mariana Jorge

Sobre a produção remota, a diretora conta que é um processo difícil, com o qual ela ainda está se acostumando: "Nunca tinha feito isso. A direção remota tem momentos complicados. Traduzir o que você quer que a câmera capte ou qual emoção você precisa que o ator demonstre, por exemplo. Por outro lado, é como se eu estivesse dentro da casa da pessoa, ela divide mais sua intimidade, o resultado é diferente". Apesar das dificuldades, Jorge acredita que o trabalho remoto será mantido mesmo no pós-pandemia, em diferentes situações. "Antes eu pegava um avião para ir ao Brasil só pra fazer uma reunião. Isso não faz mais sentido, acho que a locomoção será cada vez mais rara. Especialmente pela questão econômica. Em contraponto, tem a necessidade de estar perto. A gente agora está empolgado, não temos opção. Fazer remoto é novidade, é legal. Mas o estar no set, olhar no olho e trocar energia não são substituíveis".

No momento, os diretores buscam patrocínio para futuros desdobramentos da produção. De acordo com Jorge, já existe uma escaleta para uma segunda temporada e também uma desejo de transformar o projeto em um longa, que também seria feito de forma remota, com envio de kit de câmeras profissionais para a casa dos atores e instruções de como usá-las. "Eu e o Rodrigo (Pitta) temos muitos projetos, individuais e juntos. Mas precisamos de recurso financeiro", reforça.

Por fim, a diretora reflete sobre o futuro do audiovisual no pós-pandemia: "Nada vai ser como era antes. Os sets voltarão a funcionar, mas com um número reduzido de pessoas, normas sanitárias mais rígidas e regras de distanciamento mais restritas. O que não vai voltar é aquela velha ideia de que você precisa de um grande veículo para explanar sua ideia. Você pode usar redes sociais, site, plataformas. Além disso, não haverá mais espaço para projetos e ideias que não sejam críticas, que não agreguem, que não sejam feito com a consciência de tudo o que está acontecendo – na saúde, no meio ambiente, em termos de violência e racismo. A pandemia despertou uma consciência de coletivo. Acredito que não só na gente, que é mais velho, mas especialmente com a nova geração".

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