Viacom aponta dependência de internet, conteúdos já vistos e séries em família como tendências da quarentena

Na última terça-feira, dia 7 de julho, a ViacomCBS promoveu um webinar com a temática "Tendências que estão mudando o mundo dos provedores de internet". Com apresentação de Marcelo Tas, o evento virtual contou com a participação de Rogério Francis, VP de distribuição de conteúdo da ViacomCBS; André Furtado, Diretor de Marketing da ViacomCBS; e Adriano Marques, CEO da Wirelink. O conteúdo debatido teve como ponto de partida um estudo interno desenvolvido pelo próprio grupo de mídia intitulado "Covid-19 Entertainment Report", que analisa como a relação entre a sociedade em diferentes territórios com o entretenimento mudou durante a pandemia do novo coronavírus.

Na primeira parte do debate, Adriano Marques, CEO da Wirelink, falou sobre o impacto quase que imediato da pandemia na dependência dos brasileiros com a internet: "No início da quarentena, não sabíamos o que estava por vir, mas logo entendemos que a internet seria a grande necessidade daquele momento, pois as pessoas precisavam do serviço para obter informações – sanitárias, de segurança, notícias da pandemia – e também para se comunicar com amigos e família, trabalhar e estudar". Com isso, Marques contou que o tráfego aumentou muito e rápido: a empresa registrou um crescimento de 70% em dois meses, da metade de março até a metade de maio. "Tivemos receio de não sustentar essa intensidade de tráfego, mas a situação mostrou que estávamos preparados. Conseguimos manter o trabalho e a conexão da população", garantiu. O executivo revelou ainda que, na quarentena, a banda larga cresceu frente aos dados móveis, chegando aos "números que tinha antigamente", segundo o CEO. "O consumo de internet dentro das casas antes era dividido por horários – cada membro da família usava os serviços em um horário diferente. Assim, muitos lares não tinham uma rede capaz de atender ao novo formato, com todos os moradores em casa ao mesmo tempo. Nosso trabalho foi adequar a internet à utilização do cliente. Para enfrentar o desafio, aumentamos nosso time de atendimento, ampliando a equipe e incluindo robôs e inteligência artificial, por exemplo, e fizemos upgrades em diversos planos, para muitos clientes. Conseguimos contornar esse problema e, hoje, sentimos que entregamos o serviço que era necessário entregar", comemorou.

Dentro dessa temática da incerteza levantada por Marques, que não sabia como as empresas de telecom atenderiam ao súbito aumento de demanda, Rogério Francis, VP de distribuição de conteúdo da ViacomCBS, declarou: "Qualquer produção traz uma carga de incerteza – se vai dar audiência, por exemplo. O que fazemos é seguir trabalhando com efetividade. Mas essas dúvidas estão sempre presentes. Agora, por exemplo, estamos nos preparando para voltar a produzir e a situação também gera incerteza. Afinal, estamos preocupados com a equipe, com a saúde e a segurança de todos". André Furtado, Diretor de Marketing da ViacomCBS, completou a análise de Francis: "A Viacom tem um lado de ousadia muito grande, experimentamos muita coisa. No começo da pandemia, puxamos o freio de mão de produção para observar. Mapeamos tendências e territórios e entendemos que quem produz, agora, deve ficar atento a este retorno – tanto às questões de segurança quanto ao público, pois as demandas mudaram, uma vez que a vida também mudou".

Que o público ficou em casa e passou a consumir mais conteúdos de TV e streaming na quarentena já é de conhecimento de todos. Na ViacomCBS não foi diferente. "O aumento de consumo de conteúdo foi drástico no linear e no não-linear. Especialmente no não-linear. E é um caminho sem volta. A tendência já existia, a pandemia veio para acelerar esse consumo e o processo de dependência. Na Viacom, por exemplo, já geramos mais de um bilhão de visualizações em conteúdos lançados nas plataformas", declarou Francis. "Desde o começo observamos que o público queria conteúdo com curadoria. E aí se deu uma explosão de consumo. A quarentena revelou a necessidade da cultura e de provedores da mesma – como a Viacom. O que a gente produz de fato faz parte da vida das pessoas. A interação com as nossas propriedades aumentou também, o que prova que fortalecemos essa relação com a audiência, mantendo a conexão por meio de boas histórias", complementou Furtado.

Dentro desse aumento de consumo, o grupo de mídia observou algumas tendências, como a conexão entre as famílias – obrigatória em tempos de isolamento social – interferindo nas escolhas de conteúdo. Furtado explica: "O entretenimento colabora com a conexão familiar. Hoje, as famílias assistem séries juntas, a tomada de decisão do que assistir é feita em conjunto, e isso é algo que já estava adormecido, cada um vivia fechado dentro da sua tela". O diretor de marketing conta que a empresa também notou uma ânsia por conteúdos familiares, isto é, coisas que as pessoas já assistiram. "É importante ter essa sensação de segurança em períodos de incerteza", justifica.

Os profissionais se posicionam com otimismo a respeito do futuro. Para o CEO da Wirelink, a crise ressaltou a importância do setor de telecom e as tendências que cresceram agora – como as lives, o streaming de conteúdo em vídeo de entretenimento e de atividades físicas e as videoconferências – seguirão fortes mesmo no pós-pandemia. Plataformas de conteúdo audiovisual e serviços relacionados às atividades físicas são, inclusive, os principais SVAs oferecidos pela empresa no momento. Já Furtado concluiu que, uma vez que a Viacom tem um histórico centenário de produção de conteúdo e marcas muito fortes junto das famílias, o caminho é seguir estreitando essa relação e buscando entender quais serão as novas demandas da audiência, de forma a produzir programas, filmes e séries que respondam a elas e estejam adequadas às circunstâncias do momento.

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