Acordos de coproduções latino-americanas potencializam fomento e distribuição das obras

Leonardo Edde, produtor audiovisual da Urca Filmes, esteve no RioMarket nesta segunda-feira, dia 10 de outubro, para falar sobre oportunidades de financiamento e coprodução na América Latina. "Essa relação de coprodução latino-americana e até ibero-americana é muito importante para o desenvolvimento das nossas indústrias. O Brasil precisa abrir a porta para esses mercados – no sentido de receber mais os filmes latinos e também exportar mais. Antes, tinha a questão do português como possível problema, mas isso já passou. É claro que o idioma é diferente e isso tem algum impacto, mas ainda assim são produções que podem circular muito. A rentabilidade vem de mais fontes de renda do que da renda de uma venda só. Com essas coproduções, entramos mais rapidamente em mercados como os Estados Unidos, por exemplo. Essa possibilidade cinematográfica é importante para todo mundo, em termos de regulação, fomento e garantia de distribuição das obras. São debates que estão sendo travados", pontuou Edde. 

Fomento

O produtor também abordou a questão do fomento no Brasil e em outros países do continente, citando o FSA, que está retomando as atividades, e enfatizou a importância da volta dos editais de coprodução. 

"Tirando a Espanha, na Ibero-América o Brasil é o maior fomentador de coproduções em termos de valores, de investimento nos projetos. E estamos trabalhando para ter uma conexão ainda maior. Aqui na América Latina, vemos a Argentina tentando recuperar o INCAA, que é o equivalente deles para a nossa Ancine. O edital INCAA-Ancine era um dos mais antigos. Depois, concentrou-se dentro do FSA. Já a Colômbia tem desde 2018 uma lei de cinema importante, e também um cash rebate significativo, de mais de 35%. São leis de incentivo que funcionam bem e incentivam fortemente inclusive o streaming. Argentina, Colômbia e Brasil são os territórios mais potentes nesse sentido de produção para streaming", mencionou. "Embora o momento esteja difícil para o audiovisual no mundo todo, existe essa abertura grande de mercado que foi proporcionada pelas plataformas de streaming. Hoje, em termos de licenciamento e números das salas de cinema, os números são menores dos que tínhamos antes. Mas são muitas as novas possibilidades. Temos oportunidades novas de levantar recursos, especialmente nesse ambiente ibero-americano", completou. 

Possibilidades de coprodução 

No bate-papo, Edde falou sobre os possíveis acordos de coprodução possíveis, citando que existem dois modelos multi-laterais: latino-americano e ibero-americano, além de outras opções bilaterais. E ressaltou: "Para ser uma coprodução não precisa necessariamente envolver a Ancine ou outros institutos. Pode ser uma coprodução comercial, um negócio. Aí não precisa acionar agentes públicos. Mas se o projeto visa ser reconhecido para cumprimento de cotas, na TV paga ou no cinema, por exemplo, ou aproveitar as leis de incentivo e os editais públicos, precisa desse reconhecimento oficial. Se envolver apenas recursos privados, não. Existem regras básicas para a coprodução formal, reconhecidas pela Ancine, em relação aos profissionais de outros países nas equipes, entre outras". 

Edde pontuou que "não adianta forçar uma coprodução só por conta dos editais". Segundo ele, "nesse caso, ou você revê o projeto inteiro ou vai ficar ruim. Pegar um personagem principal brasileiro e simplesmente transformá-lo em um personagem argentino não dá certo. Tem que levar em conta a questão criativa mas também o fato de que assinar uma coprodução é quase um casamento. É um projeto que será dividido e compartilhado por anos". 

O especialista, que também é presidente do SICAV, VP da Firjan e membro da FIPCA, ainda deu algumas dicas: "É importante se questionar se a história vai ficar mais potente se for uma coprodução, se for falada em dois idiomas. Tem que entender o tamanho dessa história, pra onde essa história vai. Para escolher se vale a pena fazer uma coprodução e, se for o caso, com qual país. Colômbia, México e Argentina são bons coprodutores. A escolha depende de onde a história se passa e qual o objetivo dela – onde ela quer chegar? Em festivais ou num circuito mais comercial, de bilheteria? Nesse caso, talvez uma coprodução com o México, com um ator mexicano da TV, faça mais sentido. São muitos elementos que devem ser avaliados dentro desses pilares. Coproduzir é ótimo, mas precisa entender se esse é o melhor caminho para aquela história". 

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