Para Barbara Sturm, da Elo Company, "união de mulheres no audiovisual brasileiro potencializa a todas"

FR85 SÃO PAULO - SP - 18/09/2015 - ECONOMIA- NEGÓCIOS - BÁRBARA STURM - Fotos da Bárbara Sturm, proprietária da distribuidora do filme " Que Horas Ela Volta?". FOTO: FELIPE RAU/ESTADÃO

Barbara Sturm atua no mercado de comercialização de filmes desde 2007. Formada em cinema e com pós-graduação em mobilização digital, ela assumiu, no início de 2017, o cargo de diretora de conteúdo na distribuidora e agente de vendas internacionais Elo Company, onde coordena a aquisição de obras audiovisuais e comanda projetos especiais como o Projeta às 7, em parceria com a rede Cinemark, e o Selo ELAS, que fomenta longa-metragens dirigidos por mulheres como forma de colaborar com a equidade de gênero no setor. 

Em 2021, o Selo ELAS chega ao seu quarto ano de atuação. "Avalio o nosso crescimento como resultado de muita energia investida internamente e como consequência de uma união das mulheres do mercado audiovisual brasileiro que potencializa a todas", declara Sturm em entrevista exclusiva para TELA VIVA. Até hoje, já foram 31 projetos e 33 realizadoras atendidas pela iniciativa. São 16 projetos fora do eixo Rio-São Paulo, cinco filmes já lançados – "Amores de Chumbo" (Tuca Siqueira), "Torre das Donzelas" (Susanna Lira), "O Incerto Lugar do Desejo" (Paula Trabulsi), "Aos Olhos de Ernesto" (Ana Luiza Azevedo) e "Mulher Oceano" (Djin Sganzerla) – e, atualmente, nove longas em pós-produção. Além disso, o grupo de consultores começou com 15 pessoas e, agora, conta com 23 profissionais da indústria audiovisual. 

Em termos de carreira em festivais, destaca-se o filme "Meu querido supermercado", da diretora estreante Tali Yankelevich, lançado em 2019 no IDFA – International Documentary Filmfestival Amsterdam, passando também pelo MoMA's Doc Fortnight 2020, Visions du Réel 2020, É Tudo Verdade 2020, FICG 2020 – onde ganhou Menção Honrosa do Júri – e Indie Memphis Film Festival 2020, onde ganhou o Prêmio do Júri e Prêmio do Público de Melhor Longa na categoria Departures. O longa será lançado em abril no Brasil.

Além da busca pela ampliação feminina nos cinemas, a Elo também se preocupa em trabalhar com realizadores de diversos estados do Brasil. "Vejo como fundamental para nós, brasileiros, conhecermos as diversas culturas, paisagens, sotaques, piadas, dramas e superações desse país tão rico e distinto", afirma Sturm. "Também vejo o distribuidor como responsável por dar acesso a produtores e acredito que, quanto mais gente produzindo e entendendo o mercado e as demandas, mais rica será a vida do espectador em cinemas, televisão e em vídeo on demand", completa. "Minha curadoria tem vários focos. Participei nos últimos três anos de uma média de 20 a 25 eventos por ano em cidades por todas as cinco regiões do país para fomentar o acesso da distribuição a histórias e sotaques distintos. Trabalho com várias linhas como filmes independentes, e agora em 2020 e nos próximos anos também com filmes comerciais, filmes dirigidos por mulheres e também por outros gêneros, longas de primeira direção, pois buscamos também novos nomes e talentos, e filmes produzidos fora do eixo Rio-São Paulo. Em resumo, o que buscamos na Elo são bons filmes e histórias inspiradoras", define. 

2020 e as mudanças 

A Elo começou o ano de 2020 com dois filmes selecionados no Festival de Berlim – "O Reflexo do Lago", dirigido por Fernando Segtowick, que foi selecionado para a Mostra Panorama do Berlinale 2020, e "Irmã", de Luciana Mazeto e Vinícius Lopes, selecionado para a mostra Generation 14plus do 70º Festival de Cinema de Berlim. "São dois filmes muito especiais pois são os primeiros longas dos diretores e foram produzidos no Sul e no Norte do Brasil", conta Sturm. "Logo em seguida, veio a pandemia e o isolamento social e o fechamento das salas de cinema, e com isso tivemos o cancelamento do Projeta às 7, projeto de lançamento de filmes brasileiros independentes em parceria com o Cinemark em um circuito de 20 salas no país", acrescenta. 

A partir daí, a empresa ficou dois meses se organizando internamente e digitalmente e a grande mudança foi que as equipes, que antes eram divididas em equipe de cinema e equipe de marketing, viraram um único departamento de lançamentos, sob a gerência de Marina Tarabay, que cria as estratégias de lançamento e divulgação e também coordena a programação nas diferentes janelas: drive-ins, cinemas, TVoD, canais de TV paga e SVoD. 

Em julho, a Elo lançou o primeiro filme de forma totalmente digital – "Atrás da Sombra", de Thiago Camargo – com uma campanha focada no protagonismo negro do elenco e debates importantes. Nos meses seguintes, foram feitos lançamentos híbridos, com drive-ins e salas de cinema, conforme o momento em cada cidade, além de lançamentos digitais e convencionais. Entre os destaques, "Vou Nadar Até Você", dirigido por Klaus Mitteldorf e protagonizado por Bruna Marquezine, lançado nos cinemas e nas plataformas digitais. 

Também esteve no cronograma da Elo do último ano a estreia do primeiro filme produzido pela empresa, "A Verdade da Mentira", nas plataformas digitais. O documentário é uma produção Elo Company em coprodução com canal History e o Instituto Tecnologia e Equidade (IT&E) sob a direção de Maria Carolina Telles. Junto do filme, veio o lançamento da plataforma Eyelet no Brasil: a primeira plataforma de licenciamento de streaming global que trabalha com o conceito de codistribuição em seu modelo de negócios. Com a Eyelet, qualquer publisher interessado em divulgar o filme (via resenha, material, etc.) pode se cadastrar na plataforma para receber as receitas dos licenciamentos gerados a partir do link dele. O usuário assiste ao filme na página do publisher, sem redirecionamento.

"O principal aprendizado do período foi que, em lançamentos digitais, o espectador quer o filme disponível imediatamente quando vê o anúncio ou uma entrevista", aponta a diretora de conteúdo. "E com o Selo ELAS, aproveitamos para focar em parcerias e união de forças, e criamos um prêmio muito especial e importante com o Prêmio Cabíria e o Telecine. O prêmio foi destinado para roteiros finalistas das edições anteriores no Prêmio Cabíria e premiou o projeto escolhido, 'Avenida Beira-Mar', de Maju de Paiva, com contratos de produção e distribuição da ELO Company, participação no Selo ELAS 2021 e contrato de pré-licenciamento com o Telecine". 

Projetos futuros 

"Temos muitos planos para 2021!", comemora Sturm. "Entre eles, estão 13 lançamentos, de diferentes tamanhos, perfis e formatos de lançamento. E estamos com muita criatividade para lançá-los", garante. "Também estamos começando a trabalhar com títulos internacionais, ainda a serem divulgados, que seguirão nossa linha de curadoria com histórias inspiradoras e filmes potentes", adianta. 

Neste mês de março, a Elo deu início às consultorias do Selo ELAS 2021, com seis projetos de seis cidades diferentes e histórias emocionantes e fortes. São eles: as ficções "As Flores do Recôncavo", de Glenda Nicácio e Ary Rosza (BA); "Coração de Lona", de Tuca Siqueira (PE); "Avenida Beira-Mar", de Maju de Paiva (RJ); "Ecoloucos", de Cibele Amaral (DF); e "Sereis uma só carne", de Andréia Kaláboa (PR), e o documentário "E quem se importa?", de Roberta Fernandes (ES).

Por fim, há oito projetos em fase de produção, aguardando as filmagens serem liberadas para abrirem o set com segurança: "Para esses projetos, fazemos um trabalho interno que chamamos de 'doctoring comercial do roteiro', onde passamos o feedback das equipes de conteúdo, marketing e vendas para os possíveis riscos/oportunidades que o projeto tem e sugestões para potencializá-los ainda em fase de pré-produção". 

Ao longo do mês de março, TELA VIVA celebra o Dia Internacional da Mulher e presta uma homenagem às mulheres de destaque no cenário audiovisual nacional. Acompanhe as próximas entrevistas e confira as anteriores já disponíveis no site.

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