Globo cresce 15% em receita em 2021, mas registra prejuízo pela primeira vez

A Globo divulgou nesta quinta, 31, os resultados financeiros referentes ao ano de 2021. A receita líquida cresceu de R$ 12,3 bilhões para 14,17 bilhões, um aumento de 15%. Mas houve um aumento importante nos custos, que saltaram de R$ 9,4 bilhões em 2020 para  R$ 11,8 bilhões em 2021, o que fez com que o grupo voltasse a ter um resultado operacional negativo em R$ 488 milhões, contra um resultado positivo de R$ 277 milhões em 2020.

A receita financeira do grupo caiu a metade do que era em 2020, para R$ 764 milhões em 2021 e, com isso, o prejuízo no ano de 2021 foi de R$ 174 milhões, contra um lucro de R$ 167 milhões no ano anterior. Foi a primeira vez na série histórica acompanhada por este noticiário que a Globo registrou prejuízo na linha final.

Análise

A Globo ainda é uma empresa com uma receita robusta que sofreu forte queda no primeiro ano da pandemia mas se recuperou  no segundo ano. Mas em consequência da retomada das atividades, os custos também foram elevados, sobretudo por conta de direitos esportivos e produções ao vivo e de novos programas, que haviam sido interrompidas em 2020.

Os resultados operacionais negativos não são novidade desde 2017, quando a empresa começou a intensificar os investimentos no Globoplay e quando o mercado de TV por assinatura passou a registrar uma desaceleração mais intensa.

Em agosto de 2019, a Globo anunciou um pesado investimento em uma mudança estratégica, migrando de um modelo focado em distribuir seu conteúdo através da radiodifusão ou da TV paga – e sem uma relação de duas mãos com o consumidor -, para um modelo B2C (business to consumer). Na ocasião, o então presidente-executivo do Grupo Globo, Jorge Nóbrega, afirmou que a mudança levaria ao menos três anos, com investimentos anuais em tecnologia de R$ 1,1 bilhão, além de R$ 4,2 bilhões em conteúdo de entretenimento. "Vamos sacrificar uma parte do resultado operacional nos próximos três anos para financiar esta mudança", disse o executivo.

Em 2020 a empresa foi operacionalmente positiva por conta da forte redução de custos provocada pela interrupção das produções e suspensão de contratos de eventos.

Em 2021, com a retomada das atividades de maneira mais normalizada, os custos aumentaram significativamente e o resultado operacional voltou a ser negativo, mesmo com o crescimento das receitas operacionais. A novidade é que isso se tornou, pela primeira vez, prejuízo líquido, já que as receitas financeiras não foram suficientes para cobrir a diferença.

Ainda assim, o grupo mantém um patamar estável em relação aos seus ativos, que totalizam R$ 19 bilhões, sendo R$ 2,8 bilhões em caixa e R$ 10 bilhões em títulos e valores mobiliários. 

(Colaborou Fernando Lauterjung)

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