Roteiristas David Renaud, de "The Good Doctor", e Lucas Paraizo, de "Sob Pressão", falam sobre séries médicas em live do Rio2C

Nesta segunda-feira, 4 de maio, o Rio2C, que teve sua edição deste ano adiada por conta da pandemia, deu início a uma versão online do evento, com lives sobre o impacto do novo coronavírus e demais temas relacionados ao mercado audiovisual. A primeira delas contou com David Renaud, roteirista e produtor da série "The Good Doctor" (disponível no Globoplay e em exibição pelo Sony Channel), e Lucas Paraizo, redator final de "Sob Pressão", série da Conspiração Filmes para a TV Globo. A dupla conversou sobre narrativas médicas e desafios nesse tipo de produção.

Renaud, que é médico de formação, falou sobre como sua jornada no audiovisual está ligada a sua história de vida: "Sempre fui interessado em cinema, histórias e entretenimento. Quando era adolescente, sofri um acidente de carro que mudou minha cabeça. Os médicos falaram que eu não andaria mais e a partir daí comecei a refletir sobre como ter uma qualidade de vida melhor. Fui para a escola de medicina, me formei, trabalhei como médico de família por anos. Mas minha paixão sempre foi o entretenimento". Então, o hoje roteirista e produtor foi fazer aulas de atuação com um amigo e, em seguida, começou a escrever curtas por diversão, até que foi para a UCLA Film School, onde deu início de fato à carreira no audiovisual. "Se tem uma lição que eu dou para quem quer escrever filmes, séries ou demais projetos nesse sentido é: escreva sobre coisas que você genuinamente sabe e que fazem parte do seu mundo. Isto é, eu era médico, sabia muito sobre medicina e a relação com os pacientes. Essas histórias eu saberia contar. Acho que uma boa história vem da nossa experiência pessoal", disse.

Em conversa com Lucas Paraizo, o produtor relembrou que "The Good Doctor" é baseada em uma série original da Coréia do Sul e afirmou que o piloto e a estrutura de ambas são bem similares – segundo ele, as principais mudanças se deram para adaptar a história aos Estados Unidos, levando em consideração aspectos da medicina local e o universo onde os personagens viveriam. A produção sul-coreana teve apenas uma temporada, enquanto "The Good Doctor" está indo para a quarta. "Na essência, os episódios se desenvolvem de modo a seguir a jornada do protagonista e suas relações. O personagem de Richard Schiff (Glassman), por exemplo, é incrível. E ele influencia muito a jornada de Shaun, por isso tem ganhado cada vez mais espaço na história", comenta.

Na comparação entre "The Good Doctor" e "Sob Pressão", os roteiristas concordam que ambas são séries que fazem um retrato de suas realidades e têm protagonistas bem diferentes entre si. "O nosso protagonista, por exemplo, fala sobre empatia. Todos temos dificuldades às vezes de ter e sentir empatia. E Shaun vive esse desafio todos os dias, essa aproximação com o outro", cita Renaud. Os dois brincam ainda com a dificuldade que é colocar na tela um diálogo entre dois médicos. "É uma linguagem bem específica. O desafio é explicar o assunto para a audiência de forma orgânica. Buscamos fazer isso com criatividade e autenticidade", afirma o produtor de "The Good Doctor". Nesse sentido, ele conta que colocar um paciente na cena, que precisa entender determinado diagnóstico, é um bom truque. "Temos que lembrar que a doença em si não é a questão, e sim o drama. Aquilo só vira uma boa história quando se tem bons personagens", acrescenta Paraizo.

Os profissionais encerraram o bate-papo analisando como a crise do novo coronavírus influenciará o trabalho audiovisual no dia a dia nos sets de filmagem daqui pra frente e até nos próprios roteiros de séries médicas. "Nunca vivemos nada parecido. A 'sorte' é que hoje temos tecnologias para manter os escritores trabalhando juntos, mesmo que à distância. Temos tido sucesso nesse sentido", analisa Renaud. Atualmente, ele e sua equipe trabalham no roteiro da quarta temporada de "The Good Doctor". "É claro que nós questionamos muito essas coisas. Como e quando vamos filmar de novo. Mas nos preocupamos com nossos atores, temos gente de todas as idades. O mesmo com as equipes técnicas. A coisa mais importante agora é manter as pessoas saudáveis. Muito mais do que voltar ao set", ressalta. "Talvez tenhamos uma história totalmente diferente para contar no futuro. Precisamos reforçar cada vez mais a importância dessas pessoas que estão na linha de frente. Como são heróicos os médicos, enfermeiros. Vamos honrá-los – isso nunca foi tão importante", conclui.

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