Aos dois anos, CNN Brasil segue expansão em novas plataformas

Em março deste ano, a CNN Brasil completou dois anos de lançamento. Um ano após a estreia, a empresa trocou de comando, quando Renata Afonso foi anunciada como CEO da empresa, pouco após a saída de Douglas Tavolaro.

Lançado nos primeiros dias da pandemia, o canal em seu primeiro aniversário já podia comemorar a consolidação de sua relevância junto ao público e ao mercado. No segundo aniversário, em um cenário de reabertura, o grupo de mídia enfrenta um desafio inusitado, o de desenvolver um modelo de trabalho fora da pandemia na qual nasceu se estabeleceu.

Nos últimos dois anos, o grupo, que já foi concebido multiplataforma, ampliou ainda mais o escopo de sua atuação. No último período de 12 meses, viu sua relevância saltar junto a um público mais jovem do que o habitual no jornalismo televisivo.

Há um ano, em maio de 2021, após um período de transição, Renata Afonso assumiu oficialmente como CEO, após um período de transição. Em entrevista a TELA VIVA, a executiva faz um balanço do canal e dá pistas do futuro que o espera.

TELA VIVA – Lançada com uma distribuição multiplataforma, a CNN Brasil sempre tratou o modelo de negócios da TV por assinatura com alguma deferência. É possível seguir crescendo sem comprometer o modelo?

Renata Afonso – As plataformas de distribuição não são excludentes; são, de fato, complementares. A televisão é uma paixão do brasileiro e o Brasil é um alto consumidor de televisão, seja na TV aberta ou na por assinatura. Então, naturalmente, a TV é um ponto de atenção para nós que queremos ser a maior plataforma de distribuição de informação e notícias de maior relevância do País. É natural que a gente tem um olhar com muito carinho para este produto (a TV).

Há um caminho de distribuição viável fora desse modelo da TV por assinatura?

Conforme as tecnologias vão se desenvolvendo, é natural que a gente busque o espectador, onde quer que ele esteja: digitando no computador, no telefone, na TV, nas plataformas mais diversas. Então, quem determina a distribuição é o nosso consumidor e, a partir dele, a gente determina a nossa estratégia de entrega do nosso conteúdo. Além disso, nenhum produto é criado sem ter desdobramento em outras plataformas.

A CNN mudou muito, amadureceu. No segundo ano já se aprendeu muita coisa e se permitiu desenvolver muita coisa. Criamos a CNN Soft (que se diferencia do hard news), a vice-presidência de novos negócios (ocupada por Frank Alcantara) e fizemos todo um trabalho interno de estruturação de governança e processos.

Desenvolvemos o CNN Lab, que é uma área de atendimento ao cliente e mercado publicitário, que é super importante. Estamos criando produtos diferentes e com o olhar para o nosso anunciante e para a necessidade dele. São produtos exclusivos e inovadores do nosso portfólio.

Também desenvolvemos o digital, que hoje corresponde a dois terços da nossa audiência. A TV, hoje, é responsável por um terço da audiência. Batemos o recorde de um bilhão de visualizações no site da CNN em março.

Criamos o CNN Future, montando um "squad" interno com a redação mais jovem para discutir e fazer conteúdo para os mais novos. Temos um público hoje na CNN diferente do perfil de outros veículos de notícias. No nosso site, 70% da audiência está na faixa de 15 a 44 anos. A gente tem, de fato, um público jovem consumindo a CNN.

Fizemos o "CNN No Plural", que é um quadro de uma editoria interna que cuida de diversidade e inclusão.

Criamos o CNN Agro para cobrir a principal plataforma econômica do país. O agronegócio merece uma atenção especial.

Criamos uma editoria de educação, que é um tema que o Brasil todo deveria estar discutindo e estar preocupado. A qualidade da educação no Brasil e o que fazer com o impacto na educação causado pelos dois anos de pandemia deveria ser assunto de qualquer qualquer roda.

Criamos o "Push CNN", um resumo das notícias do dia e que está em toda a programação.

Também expandimos para eventos com o CNN Experience

Junto ao mercado anunciante, a CNN Brasil já tem um papel estabelecido? Está contemplada no planejamento de mídia das grandes marcas?

Somos fundamentais para o público ao qual falamos. Não tem como falar com público AB sem estar na CNN Brasil.

A CNN é hoje o veículo mais confiável. O modelo do jornalismo sério é buscar credibilidade e rentabilizar essa credibilidade sem abrir mão dela. O modelo (de ´publicidade) que pode influenciar o hard news não é aceito na CNN Brasil.

Desenvolvemos produtos tailor made, com o CNN Lab, mas que não impactam o hard news. Por exemplo, usamos o formato do nosso "Grande Debate" e fizemos um produto que é de interesse do nossa audiência e do nosso anunciante. O "Grande Debate Investimentos", criado para atender um anunciante do mercado financeiro, é um grande produto que a gente imagina que faz diferença. São infinitas as possibilidades.

Em receita crescemos 76% em 2021, com aumento de 45% no volume de anunciantes.

Dizem que o jornalismo é uma das programações mais caras de TV, não há planos para expandir para além do jornalismo, aproveitando o acesso aos mercados que vocês já têm?

Fazer jornalismo relevante custa muito caro. O jornalismo com comprometimento é ainda mais desafiador, financeiramente. Por outro lado você tem mais relevância e relevância, por si só, gera valor.

A gente já atua (em outras modalidades de programação), de certa forma, e não por uma questão de custo, mas por estratégia e anseio dos nossos públicos, tanto anunciante quanto consumidor do nosso conteúdo. O próprio CNN Soft, que é uma marca derivada da CNN, mas é um produto por si só. No Soft a gente trata de assuntos complementares ao hard news. A nossa audiência procura produtos de qualidade e que falem com ela, que atenda às vontades e anseios de um público privilegiado tanto no nível cultural, quanto no socioeconômico.

Nada mais natural do que a gente complementar as necessidades desse público com outros produtos. A gente trouxe o Pedro Andrade para a casa, a gente trouxe a Gabriela Priolli, agora tem a Stephanie Fleury com o "Upload". 

O DNA da CNN é informativo. A gente não pode fugir desse DNA – tem que ter informação com credibilidade. Essa informação pode ser dentro do soft, tratando de comportamento, de comunidade, trazendo dicas de viagens e mostrando olhares diferentes para o mundo dos negócios. Mas sempre com informação de qualidade.

O que a pandemia deixa de legado para empresa?

A CNN nasceu na pandemia. Agora vamos descobrir uma CNN Brasil sem pandemia. O que a pandemia demandou do mercado como um todo, mas para a CNN especialmente, reforçando algo que está nosso DNA, foi a agilidade e a adaptação a novas situações e novas realidades.

Trabalhávamos em um veículo em um cenário em que não havia uma guerra, ninguém conseguia prever uma guerra. De repente, tem uma guerra a gente tem que mudar tudo de uma forma muito rápida. Enquanto a gente conversa, pode estar acontecendo um pronunciamento de alguma autoridade que pode mudar tudo completamente. Essa volatilidade faz parte do jornalismo e do DNA da empresa. Ao mesmo tempo, essa volatilidade dá uma agilidade de adaptação muito grande a novas situações que se apresentam.

Hoje fazemos quase 20 horas horas de jornalismo por dia. É muita coisa e demanda muita gente. Uma das coisas que não se pode automatizar é o jornalismo. O discernimento que os jornalistas têm, porque estudaram para buscar diferentes óticas, é feito por gente. E uma matéria não é feita só por uma pessoa, é uma cadeia que tem que estar muito sintonizada para que a coisa saia do jeito certo.

A CNN mexeu muito no cenário do jornalismo, movimentou profissionais. Qual é o desafio de construir, manter e atualizar uma equipe de jornalismo?

A CNN mexeu, sim. Estavam todos os players com seus papéis definidos, existia uma situação cômoda. A CNN Brasil mexeu com esse status quo, tanto no mercado de trabalho para o jornalista, quanto na forma de dar e abordar a notícia. Há uma busca incessante por isenção e neutralidade, pelos fatos em si. A gente trouxe um jornalismo novo, uma cara nova para o jornalismo aqui do Brasil. Eu acho que deu uma renovada e que todo mundo teve que se mexer e se repensar.

Além disso, a CNN nasceu numa situação pandêmica, onde tudo se mexeu. O turn over de qualquer empresa aumentou na pandemia e mais ainda agora, no retorno. Todos os setores estão se movimentando. As pessoas experimentaram outros tipos de vida, tiveram outros valores e se questionaram também em relação às suas carreiras profissionais. Acho que isso não é uma exclusividade da CNN, é do mundo, que está se reacomodando.

Na CNN, criamos novos cargos e ampliamos nosso staff em 27% no último ano.

É um desafio estar na cobertura internacional e na local? Como se estruturou uma presença regional em todo o país? Como esta estrutura cobrirá as eleições?

A CNN tem escritórios locais e estendidos em Brasília e no Rio de Janeiro. Em ambos temos estruturas grandes, com estúdio, redação. Mas temos jornalistas em todo o Brasil. Serão fundamentais no nosso esquema de cobertura eleitoral. Vamos acompanhar os candidatos à presidência em toda jornada pelo país, mas também as eleições estaduais. Vamos fazer o primeiro debate da televisão dos candidatos à Presidência da República e teremos debates estaduais também.

Já lançamos um portal de eleição da CNN exclusivo para cobrir esse tema. É um ano muito importante para o Brasil e a CNN não poupará esforços para fazer uma cobertura digna da importância dessa eleição para o país.

Nos estados, temos videorrepórteres, que usam os mesmo kits dos correspondentes internacionais.

Fora do país, temos correspondentes em Londres, Paris, Washington, Nova York e, obviamente, contamos com a cobertura da CNN Internacional. Na cobertura de guerra, tínhamos um repórter na Ucrânia, mas a cobertura da CNN Internacional tem uma estrutura muito maior para fazer esta cobertura.

O que podemos esperar para os próximos dois anos?

Para os próximos dois anos podemos esperar grandes surpresas. Temos muito espaço para crescer, tem muita coisa a estabelecer. A gente já mostrou a que veio. Agora, é crescer com agilidade, expandir para diversas plataformas.

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