Galeria Distribuidora investe em adaptações de livros para projetos audiovisuais e remakes de filmes

Na última semana, a Galeria Distribuidora anunciou a aquisição dos direitos de produção e adaptação de "Pecadora" e "Além do Olhar", romances com temática sensual e erótica da autora Nana Pauvolih. A empresa segue a tendência mundial de aposta no gênero e desenvolverá projetos audiovisuais baseados nos livros, que somam mais de 25 milhões de páginas lidas em plataformas digitais. "Buscar conteúdos diferentes e alternativas ao que vem sendo produzido no país está na concepção da empresa desde a sua criação, há dois anos. Também desde essa época, procuramos títulos eróticos para trabalharmos em adaptações audiovisuais e monitoramos o consumo do gênero, especificamente para cinema. É um mercado que está crescendo, especialmente fora do Brasil, e o recente lançamento de conteúdos do tipo na Netflix nos deu ainda mais segurança para seguir nesse caminho", contou Gabriel Gurman, CEO da Galeria Distribuidora, em entrevista exclusiva para TELA VIVA.

Apesar do processo de compra dos direitos já estar concluído, o CEO explicou que ainda não está definido que tipo de projeto será feito a partir das publicações – se serão longas para estreia nos cinemas ou conteúdo direto para streaming, por exemplo. "Existe uma certa restrição por parte do público de consumir esse tipo de conteúdo nos cinemas, por isso estamos avaliando o que faremos", afirmou. Gurman disse que a ideia da distribuidora é atuar como coprodutora. No momento, eles estão em negociação com produtoras e em conversas constantes com a equipe de Pauvolih, que deve estar envolvida nos desdobramentos dos projetos: "Ainda não sabemos qual será o papel da autora, mas ela está disponível para nos ajudar. A própria escolha dos títulos veio de sugestões de Nana e sua equipe. Estamos conversando há cerca de dois anos". Mesmo que o anúncio das produções inspiradas nos livros de Pauvolih tenha sido feito há pouco tempo, a distribuidora já comemora as primeiras repercussões. Segundo o CEO, o fã-clube da autora se animou com a notícia, o que trouxe mais segurança para prosseguir com o trabalho: "Sabemos que o público leitor cobra uma fidelidade nas adaptações de obras literárias, portanto é fundamental manter essa boa relação com ele. E foi pensando nisso que escolhemos os livros que iríamos adaptar – era necessário optar por obras que não apenas fossem um sucesso, mas que também tivessem enredos atrativos para o cinema". E por se tratarem de histórias eróticas, Gurman acha importante pontuar: "Existe a preocupação em contar uma história que não seja ofensiva, isto é, que respeite o texto, mas sem a temática controversa que estamos vendo em outros projetos do gênero. Queremos uma trama com protagonismo feminino dentro e fora das telas – pretendemos trabalhar com uma roteirista e uma diretora mulher, por exemplo. Vamos tomar todos os cuidados possíveis para não criar uma narrativa machista".

Gabriel Gurman, CEO da Galeria Distribuidora

Apostar em adaptações de livros para o audiovisual está no centro dos planos da Galeria Distribuidora – além dos livros de Nana Pauvolih, a empresa também anunciou a adaptação da franquia de "Papai é Pop", de Marcos Piangers. Em paralelo, ela busca ainda livros clássicos da literatura, de atores consagrados e gêneros diferentes, como infanto-juvenil, terror e suspense. "O público brasileiro gosta de um tipo específico de terror, mais sobrenatural. Essa é, na verdade, uma tendência geral da América Latina – por isso estamos de olho e queremos produzir coisas nesse sentido. Como somos parte de um grupo internacional, o Telefilmes, temos suporte em demais países do continente e trocamos muita informação. Fazemos reuniões quinzenais para entender o que cada país está produzindo e, agora, como cada um está lidando com os protocolos de retomada das atividades no setor definidos por cada mercado. É um processo muito rico", comenta Gurman.

Na estratégia da Galeria, ao lado da aposta em adaptações literárias está o investimento em remakes de obras cinematográficas. Entre os títulos com os quais a empresa já está trabalhando em novas versões, está a comédia mexicana "Dulce Familia", lançada em 2019; a produção argentina "Mamãe Saiu de Férias", de 2017; e o longa holandês "Meninas Não Choram". Segundo o CEO, são filmes que fizeram sucesso em seus países locais e que, por isso, despertaram o interesse da distribuidora em coproduzir essas adaptações.

Impacto da pandemia

A Galeria assina a coprodução dos filmes inspirados no caso von Richthofen – "A Menina que Matou os Pais" e "O Menino que Matou Meus Pais" – que foram alguns dos primeiros títulos a terem suas estreias adiadas em detrimento ao fechamento das salas de cinema por conta da pandemia. O lançamento de ambos estava previsto para apenas poucos dias após o anúncio do fechamento das salas. Gurman comenta o episódio: "A decisão foi certa, mas bastante dolorosa. Todos estavam entusiasmados para a estreia, o boca a boca estava quente. Ainda queremos lançar nos cinemas. Estamos monitorando os próximos passos e falando com os exibidores para entender o melhor momento".

Carla Diaz e Leonardo Bittencourt em cena do filme "A Menina que Matou os Pais"

Em paralelo, a empresa ainda estava com três projetos em pré-produção, prestes a entrarem na etapa de produção, quando a pandemia chegou ao Brasil. "Nesse momento, estamos reavaliando custos e readaptando roteiros – cenas em festas e clubes noturnos, por exemplo – serão repensadas. Vamos mudar para não perder tanto tempo e dinheiro, além de manter um cronograma ativo de lançamentos para o ano que vem", explica o CEO.

Hoje, quase cinco meses após a chegada da pandemia, Gurman reflete sobre os aprendizados que o período deixa: "Na quarentena, houve uma mudança abrupta no consumo de conteúdo audiovisual em plataformas – e parte do público se acostumou a consumir assim. Isso não é um problema, mas é um desafio para o cinema. Precisamos ter esse olhar mais atento agora, no sentido de avaliar para qual janela aquele conteúdo é mais indicado. Antes, não pensávamos no streaming como possibilidade de lançamento para os conteúdos, mas agora isso faz cada vez mais sentido. Já vínhamos enxergando esse caminho e, com a pandemia, ficou ainda mais claro".

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