Os canais Fast, Free Ad Supported Streaming TV, ou streaming aberto e gratuito viabilizado por publicidade, são tema do primeiro episódio do "Tela Viva em Foco", podcast e programa da TELA VIVA em seu canal no YouTube que aprofundará o debate sobre temas relevantes ao audiovisual. O programa sempre reunirá especialistas com pontos de vistas complementares em um painel para debater sobre assuntos relevantes com foco em modelos de negócios, estratégias e desafios do setor audiovisual.
Os canais Fast são uma tendência global, já com uma mercado expressivo nos Estados Unidos. A expectativa é que este mercado chegue a 2027 com faturamento global de US$ 12 bilhões. O Brasil, com 33 milhões de TVs conectadas, é a segunda maior base do mundo, com grande potencial de crescimento de faturamento publicitário.
Aline Jabbour, diretora de Desenvolvimento de Negócios e Ecossistemas para a América Latina da Samsung TV Plus, conta que a plataforma da fabricante coreana está disponível em 24 países, sendo o Brasil o segundo maior mercado. A plataforma já tem relevância na audiência e em adesão de marcas, conta a executiva, apontando que metade da base de televisores conectados Samsung a acessam por mais de três minutos.
A plataforma da Samsung conta com canais próprios com marcas próprias (atualmente, no Brasil, o Novelando e o Investigação Total) formados por conteúdos licenciados; canais próprios, mas com as marcas dos conteúdos licenciados, dedicados a uma única série, como o canal "The Shield"; e, na sua maioria, canais programados por parceiros, incluindo grandes grupos de mídia como Globo e SBT.
Segundo Jabbour a Samsung busca conteúdo que faça sentido em sua plataforma, baseando-se em três pilares: identidade nacional; que exerçam um papel além do entretenimento; e com qualidade e diversidade. Entre os gêneros, além dos tradicionais notícias, filmes e séries, A Samsung procura ampliar a oferta em nichos, com destaque para viagens, decoração e educação
A palavra chave nas parcerias é flexibilidade, buscando atender os parceiros de modo a contemplar todo o ecossistema que, além do distribuidor (Samsung) e o provedor (os detentores do conteúdo), é formado pelas empresas de tecnologia que transformam a biblioteca em canal linear, e os anunciantes. "Nosso modelo é flexível à necessidade de cada parceiro. Todos podem ganhar na equação", diz.
Para garantir o sucesso dos canais, a plataforma promove uma troca intensa de informações com os parceiros. "Temos uma ferramenta online onde os parceiros podem ver dados como a quantidade de usuários, tempo de consumo", explica. Mensalmente, a plataforma disponibiliza dados específicos de cada conteúdo no canal. Além disso, reuniões periódicas são realizadas para que os parceiros consigam construir a estratégia de programação. "Respeitamos muito a confidencialidade de cada contrato", destaca Jabbou, explicando que cada parceiro tem acesso apenas às informações referentes aos seus canais.
Experimentação
Segundo Bernardo Ribeiro, gerente de Estratégia de Canais Pagos Não Esportivos da Globo, as duas primeiras inciativas do maior grupo de mídia do país no Fast surgiram a partir de "ambientes" que facilitavam experimentação. O Receitas Fast apresenta programas que engajam tanto iniciantes quanto experts na cozinha, com receitas que vão das simples às mais avançadas, incentivando hábitos saudáveis de alimentação em uma rica experiência com chefs de todos os cantos do mundo; enquanto o GE Fast traz uma programação que reapresenta eventos e documentários esportivos, com variedade de competições e coberturas dos mais variados eventos profissionais. Ribeiro explica que a grande variedade de conteúdos sobre os temas no acervo permitiu construir os canais de maneira rápida.
A iniciativa é um teste para analisar como encaixar a estratégia dos canais Fast no portfólio da Globo. A ideia é testar hipóteses, partindo da premissa de que o portfólio diverso exige calma nos experimentos. "Temos que ver se a captura é de recurso novo ou não", mas precisamos ter em mente que precisamos atender o consumidor em todos os seus momentos de", destaca. Se o público e as marcas forem diferentes do restante do portfólio, há espaço para "dar um pouco mais de linha" nos testes.
Sobre a possibilidade de produzir especificamente para estes canais, Ribeiro diz que, por enquanto, a ideia é usar o acervo. No entnato, com a evolução do mercado, pode fazer sentido criar conteúdos exclusivos.
Soma
Roberto Grosman, diretor executivo de Transformação Digital do SBT, diz que atuar no Fast é uma evolução e uma soma para o SBT. "Um grande produtor de conteúdo como o SBT precisa estar presente nesta plataforma e explorar novos formatos". O SBT foi um dos pioneiros grandes grupos de mídia no YouTube e estreou seu no final de junho seu primeiro canal na plataforma da Samsung, o TV Zyn. O canal já estreou no Brasil e em outros mercados, mirando o público expatriado. Segundo Grosman, as pessoas consomem conteúdos em plataformas, formatos e momentos diferentes e cabe aos grupos de mídia expor seus conteúdos no momento adequado.
Sobre o potencial canibalismo publicitário, Grosman pondera que, teoricamente, o modelo digital poderia trazer novos anunciantes, menores e que compram em plataformas digitais. Por outro lado, lembra o executivo, o formato em vídeo exige investimento maior de produção. Portanto, é natural que os anunciantes tradicionais da TV tenham mais acesso, havendo, sim, algum canibalismo potencial. "Mas o mais é importante é estar onde o usuário quer consumir", diz o executivo.
Assista ao debate na íntegra: