Cinco tendências para o mercado de streaming em 2024

(Foto: Pixabay)

O ano de 2024 já começou com novidades recém-anunciadas para o segmento de streaming, como os planos da Claro tv+ que passam a contar com assinatura Netflix inclusa. Além disso, outras mudanças para o segmento foram apresentadas em 2023 e, agora, tomarão forma, como a unificação das plataformas da The Walt Disney Company, Star+ e Disney+, e a chegada da MAX ao Brasil, plataforma única da Warner Bros. Discovery – grupo que, atualmente, conta com dois serviços: HBO Max e discovery+. Confira abaixo as principais tendências para o mercado de streaming em 2024. 

Unificação das plataformas 

Conforme dito acima, a unificação de plataformas já é uma realidade. Com o advento do streaming e os números de consumo em crescimento, especialmente na pandemia, o mercado global acompanhou o surgimento de novos serviços quase que diariamente. No Brasil, a questão é ainda mais latente. Segundo análise da BB Media, DEG International e BASE sobre o cenário global de entretenimento, o País possui a maior oferta de conteúdo audiovisual da América Latina, com 137 plataformas de streaming, que dão acesso a mais de 139 mil filmes e mais de 32 mil séries. No início de 2023, várias novas plataformas de streaming foram lançadas, incluindo UFC Fight Pass, Canela Kids, LPF Play, EiTV Play e Bloomberg Originals. Além disso, 56 das 137 plataformas de streaming em oferta são originárias do Brasil. Os dados foram divulgados em agosto do ano passado. 

Pensando que ninguém tem tempo – e principalmente, nem dinheiro – para assinar tantos serviços, a unificação de plataformas seria um caminho natural. No primeiro quadrimestre deste ano, as plataformas HBO Max e discovery+ serão unificadas num único serviço, chamado MAX, enquanto o Star+ e o Disney+, da The Walt Disney Company, virarão uma coisa só, com os conteúdos do Star+ sendo integrados ao Disney+ no segundo trimestre de 2024. 

A tendência da unificação deve ser benéfica aos estúdios e grupos de mídia, que conseguirão concentrar esforços para produzir grandes projetos e reduzir os custos de manter mais de uma plataforma no ar, e também ao consumidor, que não tem bolso para assinar tantos serviços disponíveis. Hoje, para manter assinatura dos cinco mais consumidos no Brasil – Netflix, Prime Video, Disney+, HBO Max e Globoplay – é necessário desembolsar, no mínimo, R$ 115,50 por mês, o que daria R$ 1386 por ano. 

Co-financiamento e troca de conteúdos  

Outro caminho possível, também pensando em reduzir custos e juntar esforços, são as coproduções. O Grupo Globo, por exemplo, anunciou um acordo de coprodução com a Disney e também mantém outro – com produtos inclusive já lançados – com a Sony. A tendência de co-financiamento de produtos – já bastante comum no cinema – deve inclusive se estender para as janelas de TV fechada. E para além dos conteúdos produzidos em parceria, deve acontecer também uma "dança das cadeiras" de projetos já lançados em determinada plataforma e que, depois, podem ser exibidos por outras. 

Em outubro de 2023, Teresa Penna, head do Globoplay, em entrevista para o canal do YouTube da TELA VIVA, já adiantou o movimento: "Nós e o mercado inteiro passamos a fazer isso. O dinheiro está curto, é um fato. O crescimento está lento. Estamos licenciando nossos originais e começando a ter potenciais trocas de conteúdos. O concorrente fez o conteúdo lá, eu fiz aqui, e agora vamos comprar um do outro. Tem esse movimento muito forte do mercado, que é saudável". 

Planos subsidiados por publicidade 

Se no começo da onda dos streamings o grande diferencial era assistir aos conteúdos sem interrupção, ao contrário do que acontecia nos canais de TV abertos e fechados, com o tempo foi ficando evidente que essa conta não iria fechar. Aí, veio a publicidade. A própria Netflix, que nos primórdios afirmou que jamais teria planos subsidiados por publicidade, deu o braço a torcer e lançou a modalidade em 2022. Hoje, os planos com anúncios da Netflix ultrapassam os 23 milhões de usuários ativos mensais, e as assinaturas de publicidade representaram aproximadamente 30% de todas as novas inscrições nos 12 países que possuem a opção com anúncios.  

Vale lembrar que a maior plataforma de vídeos on-line do mundo é o YouTube, cuja receita é quase que inteiramente composta pela venda de anúncios. No último trimestre de 2022, o serviço do Google teve um faturamento global com publicidade que ultrapassou a marca de sete bilhões de dólares.

Além da Netflix, o Disney+ também já enxerga as vantagens dos planos com publicidade. É importante destacar ainda os serviços FAST, que ganham cada vez mais espaço, como a Pluto TV, plataforma da Paramount que segue crescendo ao redor do mundo, inclusive no Brasil. A Globo, inclusive, também entrou de vez no segmento no ano passado, e hoje já conta com seis canais FAST, além de oferecer incontáveis formatos de assinaturas e anúncios, combinando video on demand, TV aberta e TV paga. 

A publicidade amplia e diversifica as fontes de receita das plataformas, que já não angariam assinantes com a mesma intensidade de antigamente. Os modelos de remuneração, assim como as formas de se consumir conteúdo, não morrem, mas se adaptam e se acumulam. E 2024 deve trazer ainda mais possibilidades.

Vista grossa no compartilhamento de senhas 

Após a Netflix anunciar medidas para combater o compartilhamento de senhas, é provável que outras plataformas sigam pelo mesmo caminho. O Disney+, por exemplo, já adotou estratégias nesse sentido em alguns territórios – começando pelo Canadá – e em breve deverá seguir pelo mesmo caminho no Brasil. O mesmo com a HBO: em uma conversa com a imprensa em novembro de 2023, em Nova York, o CEO da HBO e do MAX, Casey Bloys, afirmou que o assunto está na lista de afazeres da empresa. "Acho que todos os streamings estão pensando nisso", disse o CEO na ocasião. 

Novelas, reality e esportes 

Por fim, em relação ao conteúdo, uma das grandes expectativas para 2024 é para o lançamento de novelas brasileiras em plataformas de streaming. A Globo já fez suas experiências nesse sentido, com "Verdades Secretas 2" (2021) e "Todas as Flores" (2022), e agora é a vez das plataformas internacionais também apostarem no gênero, que tem tanta aderência com o público brasileiro. A HBO Max – que na ocasião das estreias já será apenas MAX – já tem dois lançamentos confirmados: "Dona Beja" e "Beleza Fatal", enquanto a Netflix anunciou o título "Pedaço de Mim"

Outros conteúdos que o público deve acompanhar bastante pelos serviços de streaming ao longo de 2024 são os reality shows – que ganharam uma nova cara no streaming e seguem performando bem na janela. O reality nacional "A Ponte: The Bridge Brasil", por exemplo, foi a única produção brasileira a ser premiada no Emmy Internacional Awards 2023. O projeto é uma produção Max Originals, produzido pela Warner Bros. Discovery em parceria com a Endemol Shine Brasil. 

Por fim, estão as transmissões esportivas ao vivo, que se espalham cada vez mais por diferentes plataformas ao passo que serviços que até então não se aventuravam no gênero começam a querer exibir esporte também. Nesta semana, um jogo de futebol americano se tornou o evento ao vivo mais transmitido no streaming na história dos Estados Unidos, atraindo quase 28 milhões de espectadores. Segundo a Comcast, o jogo, que esteve disponível no território exclusivamente pela plataforma de streaming Peacock, foi responsável por 30% do tráfego de internet do país. 

Os números destacam a crescente influência dos gigantes do streaming nos esportes. No ano passado, a Netflix teve sua primeira experiência de transmissão de evento esportivo ao vivo – para a estreia, ela escolheu um evento próprio, a "Netflix Cup". O próximo já tem data marcada: será o "The Netflix Slam", com Rafael Nadal, campeão do Grand Slam masculino por 22 vezes, enfrentando o atual 2º lugar do ranking mundial e conterrâneo Carlos Alcaraz, em um amistoso especial de uma noite. O evento está previsto para acontecer no dia 3 de março de 2024, às 12h. No Brasil, atualmente ao menos cinco serviços de streaming fazem transmissões esportivas: HBO Max, Star+, Prime Video, Paramount+ e Globoplay, além dos canais do YouTube e da Twitch também – como a CazéTV – que têm conquistado cada vez mais audiência. 

E na Câmara… 

Vale acrescentar que, de modo geral, a expectativa para o segmento é que a regulação das plataformas ocupe a agenda no Congresso em 2024, uma vez que há pressão de diversos atores na pauta e projetos de lei tramitando há anos. Para os produtores audiovisuais, essa é a prioridade número 1 para o ano

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